A autora é Maria de Lourdes Chantre que desde 1979 encara como missão de vida a divulgação do maior número possível de receitas de várias ilhas deste arquipélago.
A entrevista acontece em Lisboa na sala da casa de infância e nas prateleiras repousam várias memórias e muitos livros. Saltam à vista as fotografias a sépia do pai e do marido, os seus maiores incentivadores.
Sete anos foi o tempo que a obra demorou a elaborar e ultrapassa as mil páginas de receitas, pinturas, poemas e fotografias.
"Tenho muitas saudades de São Vicente"
A voz de Lourdes Chantre é nostálgica quando perguntamos pela última ida à ilha. Foi em 2014 e por homenagem pública ao marido, Guilherme Chantre, que viria a falecer em 2020 com 98 anos.
Enquanto começamos a sentir nas mãos o peso de 1100 páginas, percebemos que se confundem com a biografia da autora.
A ideia de fixar as receitas cabo-verdianas "foi o resultado dos encontros com amigos do meu marido lá em casa. Ele tinha um grupo, Os claridosos, e eu nessa altura nem confecionava pratos cabo-verdianos até que um deles lançou a proposta".
Nunca fez da culinária uma profissão mas chegou a discutir a temática com Maria de Lourdes Modesto. O tema versava à volta, claro, da Cachupa.
Os primeiros livros foram editados já como secretária numa empresa em Lisboa e uma filha pequena.
Lourdes Chantre nunca deixou de procurar receitas antigas de todo o arquipélago. Garante que no Fogo há as melhores sobremesas e que a sogra lhe ensinou a fazer os melhores cozinhados.
Um dia teve um agradecimento por escrito do presidente de Cabo verde Aristides Pereira pelo contributo identitário de afirmação nacional que as obras representavam.
"História, Tradição e novos Sabores da Cozinha de Cabo Verde" dá título ao seu quinto livro e tem a chancela da Rosa de Porcelana Editora.