Coimbra, 22 set (Lusa) - O Centro de Artes Visuais (CAV), de Coimbra, inaugura hoje uma exposição de Ana Vieira, centrada no trabalho da artista plástica, em torno da ausência e da perda.
Com curadoria de Albano Silva Pereira e Paulo Pires do Vale, a exposição aborda a obra que a artista plástica, que morreu em 2016, foi fazendo ao longo dos anos, trabalhando "em direção ao branco", dando "a ver ou a sentir lugares esvaziados".
A artista "introduziu o vazio no mundo, esculpindo-o". "Misturou a ausência entre as coisas. Introduziu nele uma falha. Uma ausência saturada. Nesta exposição, esse movimento de esvaziamento branco fica claro", refere o texto de Paulo Pires do Vale sobre a exposição.
O curador chama a atenção para a última obra da artista, "A arte da fuga", em que surge uma reflexão "sobre o período de crise político-económico-social que se vivia", sentindo-se na representação de um quarto "uma inquietação" - "o palco de um drama ou relato de uma situação de crise".
"Destas obras de Ana Vieira podemos dizer que são consequência de uma poética da perda. O negativo está a trabalhar dentro das próprias obras. É a falha como motor. Delas podemos dizer que falta algo - e assim introduzem, no real, um mal-estar", sublinha Paulo Pires do Vale.
Uma peça de Ana Vieira encontra-se, atualmente, na sala de abertura da exposição temporária "Do Titrar Polo Natural - Inquérito ao Retrato Português", do Museu Nacional de Arte Antiga.
Ana Vieira nasceu em Coimbra, em 1940, viveu e trabalhou em Lisboa, onde morreu, em 2016.
Durante a sua carreira participou em exposições coletivas na Galeria Nacional de Arte Moderna de Roma e no Museu de Arte Moderna de Paris, tendo também tido obras expostas em Barcelona, Londres ou em Washington.
A exposição no CAV é inaugurada a 22 de setembro, às 22:00, e estará patente até 2 de dezembro.