Centro de Arte Moderna da Gulbenkian reabre ao público este sábado

por RTP
Foto: Fernando Guerra / Fundação Calouste Gulbenkian

O renovado Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, em Lisboa, e o jardim estará aberto ao público a partir deste sábado, 21 de setembro, ao fim de quatro anos de obras. Neste primeiro fim de semana após a renovação, o novo edifício e o jardim acolhem um programa de exposições e outras iniciativas, num espaço renovado e com novos elementos.

O edifício que agora será inaugurado foi repensado pelo arquiteto japonês Kengo Kuma, que venceu o concurso internacional lançado em 2019 pela Fundação Calouste Gulbenkian para a apresentação de projetos para o edifício do Centro de Arte Moderna (CAM) e o novo jardim. As obras prolongaram-se por quatro anos, tendo sido iniciadas em 2020.

Mas para contar a história completa deste novo espaço é necessário recuar a 2005, quando a Fundação adquiriu dois hectares contíguos ao parque concebido por Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto na década de 60.

A partir de agora, para além de um edifício do CAM renovado, os Jardins da Gulbenkian foram ampliados e passam a ter nova entrada a sul, na rua Marquês de Fronteira.

A nova área de jardim junto ao CAM, com mais de 7.500 metros quadrados, é da autoria de Vladimir Djurovic, arquiteto paisagista libanês que se inspirou no jardim já existente.

“O que ele procurou fazer foi, no fundo, prolongar naturalmente o espírito do jardim existente, e a essência, como se fossem os próprios projetistas originais a fazê-lo”, afirma Paula Corte-Real, arquiteta paisagista, à RTP.
Pala de 100 metros marca entrada do novo espaço

Esta área envolvente do novo CAM, incluindo o novo jardim, inspira-se no conceito japonês de Engawa, espaço que se encontra em casas tradicionais japonesas e que serve de passagem do interior para o exterior, ou vice-versa.

Kengo Kuma, arquiteto japonês que venceu o concurso para a renovação do CAM há cinco anos, decidiu manter a estrutura original do edifício de betão, inaugurado em 1989, da autoria do arquiteto britânico Leslie Martin. Mas muito mudou com a ampliação do edifício e as transparências, com novas aberturas a norte e a sul.

A abertura para sul substitui a fachada antiga em forma e empena, que foi demolida. A norte, a fachada “cega” também foi completamente aberta.
“Penso que a transparência é convidativa. As pessoas são convidadas a entrar e a atravessar, e a ver o que se passa”, afirma Teresa Nunes da Ponte, arquiteta e coordenadora-geral do projeto, em declarações à RTP.

No entanto, o elemento que mais chama à atenção é a imponente pala de 100 metros de comprimento na fachada do edifício, revestida de madeira e de 3.274 telhas de cerâmica brancas produzidas em Portugal.

“É a peça principal do projeto, é o que recebe o público que vem da nova entrada sul”, destaca o arquiteto Lourenço Rebelo de Andrade em declarações à RTP.

“Toda a pala foi o processo que exigiu uma maior dedicação, mais estudos com a equipa projetista”, refere Teresa Nunes da Ponte. Desde logo porque os azulejos “que tiveram de ser certificados” mas também o processo de fixação dos próprios azulejos, acrescenta.
Foto: Fernando Guerra / Fundação Calouste Gulbenkian
As exposições
Tal como o jardim, também o Centro de Arte Moderna ganhou espaço. Há mais 900 metros quadrados de novas áreas expositivas, todas subterrâneas.

De destacar que, para se chegar ao jardim sul, tem de se atravessar o edifício, sendo possível visitar algumas das salas de exposições itinerantes.

“A experiência da arte não tem de ser algo muito formal, não tem de ser algo que dura muito tempo. Pode ser… dois minutos, dez minutos. Pouco a pouco. Esta casa que está completamente aberta funciona de maneira muito mais espontânea. É algo que acho poderá mudar completamente a perspetiva do público sobre a arte”, afirma Benjamin Veil, diretor do Centro de Arte Moderna.

Nestes primeiros dias, para além da coleção do Centro de Arte Moderna, vai ter destaque as obras de Leonor Antunes, com a exposição “da desigualdade constante dos dias de leonor”, sobre a invisibilidade das mulheres na história de arte moderna.
Exposição de Leonor Antunes. Foto: Pedro Pina - Fundação Calouste Gulbenkian

A exposição irá contar ainda com as obras de cerca de 30 artistas mulheres da própria coleção do CAM com a curadoria de Leonor Antunes.

Estará também patente a exposição “Linha de Maré”, com a curadoria de Ana Vasconcelos, Helena de Freitas e Leonor Nazaré, que conta com cerca de 80 obras do acervo do CAM, e ainda a mostra “O Calígrafo Ocidental”, de Fernando Lemos, sobre a relação do artista com o Japão nos anos 60. Incluem-se também obras de Yasuhiro Morinaga e Go Watanabe.

Após a festa de abertura, que decorre entre 21 e 22 de setembro, todas as exposições patentes neste espaço continuam a ter entrada gratuita até dia 7 de outubro.
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