O Centro Cultural Português (CCP) de Bissau vai reabrir sábado as suas portas, após ter sofrido obras de remodelação, tendo o respectivo director apresentado à Agência Lusa um ambicioso projecto de programa de acção para 2007.
Encerrado em Março deste ano, e com as obras, que orçaram em cerca de 200 mil euros, praticamente concluídas, o Centro vai ser palco de inúmeras iniciativas culturais, além da sua vocação de sempre, a formação em Língua Portuguesa, desde que foi criado, em 1989.
Frederico Silva indicou à Lusa que a cerimónia inaugural vai decorrer sábado com um espectáculo da artista portuguesa Marta Martins, que vai apresentar ao vivo o seu trabalho "Alfacinha Mulata", editado em 2005, com a participação de músicos guineenses.
Mas a grande novidade do Centro é a realização de programas mensais "concentrados" em áreas temáticas específicas, sempre ligados directamente à cultura da Guiné-Bissau, por vezes na presença de autores e artistas portugueses.
Janeiro de 2007 será o mês do Teatro, seguindo-se o Cinema (Fevereiro), Artes Plásticas (Março), Literatura, Livro e Edição (Abril), Artes Tradicionais (Maio), História, Património e Urbanismo (Junho) e Língua Portuguesa, Lusofonia e CPLP (Julho).
Segundo Frederico Silva, o Centro parará em Agosto e retomará a iniciativa em Setembro, com o mês da Música e Dança, terminando em Outubro com o tema Cultura versus Desenvolvimento.
"Em cada mês será realizado um fórum temático reunindo os agentes, protagonistas e estudiosos que estiveram, estão ou poderão estar ligados ao tema. Far-se-á então um balanço da realidade, um levantamento da actual situação e uma audição sobre as perspectivas e ideias para o futuro", sublinhou o director do Centro.
Pretende-se com o fórum efectuar um registo escrito dos resultados de cada tema mensal, sendo o conjunto dos nove em discussão objecto de edição no final do ano, acrescentou.
Em cada fórum haverá também a presença de agentes culturais vindos do espaço da Lusofonia, para realizar eventos e orientar acções de formação e intercâmbio.
Frederico Silva indicou que, como segunda "acção nuclear", haverá, na medida do possível, mostras de livros, publicações, documentos, registos audiovisuais, entre outros, directamente relacionados com o tema mensal, com o objectivo de congregar acervos detidos pelo maior número de colecções públicas e particulares.
Outra ideia projectada é a celebração de programas específicos para comemorar datas simbólicas, como os dias de Portugal, da CPLP, da Guiné-Bissau, da Música, da Mulher, da Criança, do 25 de Abril, da Europa, da África, do teatro, da poesia, da Luta contra a SIDA e da Latinidade, além da celebração do Natal.
Outra ideia forte do projecto de plano de acção cultural do centro passa pela descentralização das suas actividades, alargando a apresentação de iniciativas ao resto do país, utilizando, para tal, os espaços das diferentes Oficinas de Língua Portuguesa, Centros de Língua, lugares públicos ou privados.
O objectivo é levar a cultura da Guiné-Bissau, bem como os seus agentes, a localidades que há muito estão desprovidas de espectáculos, como Bafatá, Gabu (leste), Bolama, Bubaque (arquipélago dos Bijagós), Mansoa centro leste), Quinhamel, Cacheu, Canchungo, Djemberém e São Domingos (norte).
Além das actividades culturais, o Centro, que dispõe de uma biblioteca e de um palco desmontável, vai retomar, em Janeiro próximo, as aulas de Língua Portuguesa e de Informática, prevendo-se que, aos poucos, possa estender também as acções de formação em Artes Teatrais, Cultura Lusófona e outras áreas ligadas à cultura.
Em breve serão abertas as inscrições para os diferentes cursos.
O Centro Cultural Português de Bissau foi criado em 1989, por iniciativa do então embaixador de Portugal em Bissau, António Pinto da França, tendo, desde então, efectuado centenas de cursos de Língua Portuguesa, em que participaram mais de uma centena de milhares de guineenses.