Cartaz com portugueses abre exposição do museu francês da história da imigração

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Um cartaz com uma fotografia de duas mulheres e crianças portugueses a chegarem a uma estação de comboio francesa, na década de 60, abre a exposição do Museu Nacional da História da Imigração, que quarta-feira é inaugurado em Paris.

O Museu insere-se no projecto Cidade Nacional da História da Imigração (CNHI) e tem por objectivo, segundo a instituição, "conhecer e reconhecer o contributo da imigração em França".

O português Manuel Dias, membro do Conselho Científico e de Orientação da CNHI, disse à Agência Lusa que o Museu vai ter uma exposição permanente sobre os 200 anos da presença dos imigrantes em França.

"A exposição permanente é uma visão histórica da presença dos imigrantes no país desde a revolução francesa até aos dias de hoje", referiu, adiantando que esta exibição não é consagrada às diferentes comunidades residente em França, nem traça os elementos típicos de cada uma delas.

Manuel Dias sublinhou que a exposição pretende dar a conhecer a história da nação francesa e o contributo dos estrangeiros.

"A França é um grande país de imigrantes", sustentou o português que está envolvido neste projecto desde a sua criação, na década de 80.

A exposição é composta por documentos de arquivo, imagens, obras de arte, objectos da vida diária e testemunhos visuais e sonoros.

Segundo Manuel Dias, o cartaz de abertura da exposição assinala a presença dos imigrantes portugueses ao ser exibido uma fotografia tirada na década de 60, quando a maior parte dos portugueses chegou a França, numa estação de comboios.

No cartaz vêem-se duas mulheres, uma delas com duas malas na cabeça, e duas crianças portuguesas numa estação de comboio a chegarem a França.

Manuel Dias adiantou que a CNHI vai ter no futuro exposições temporárias dedicadas às diferentes comunidades.

O presidente da Coordenação das Colectividades Portuguesas de França (CCPF), Hermano Sanches Ruivo, disse à Agência Lusa que o Museu se reveste de "uma importância fundamental" para os filhos dos imigrantes e para a sociedade francesa.

"As segunda e terceiras gerações podem ver e conhecer a história dos pais e a sociedade francesa pode compreender melhor a história dos imigrantes em França", sublinhou.

Hermano Sanches Ruivo destacou ainda que o Museu é igualmente uma forma "dos imigrantes verem reconhecidos os seus esforços".

O responsável adiantou que a CCPF contribuíu para o espólio do Museu com fotografias, cartazes e troca de correspondência adquiridas no movimento associativo português e que retratam a história dos portugueses em França.

Em França, vivem mais de um milhão de portugueses e luso-descendentes.

A Cidade Nacional da História da Imigração é inaugurada quarta-feira mas não vai contar com a presença oficial de qualquer membro do governo ou da presidência da República devido às actuais políticas de imigração, nomeadamente o recente projecto de lei que exige a realização de testes de ADN aos estrangeiros que pretendam o reagrupamento familiar em França.

Manuel Dias disse à Lusa que os responsáveis pelo Museu não estão de acordo com as políticas governamentais sobre a imigração, por isso decidiram não convidar membros do governo.

"O Museu não é um projecto do governo mas sim da nação", salientou, acrescentando que a CNHI "não deve ser explorada, nem instrumentalizada" pela conjuntura política.


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