Câmara de Lisboa gasta 2,3 milhões para recuperar edifício histórico em Timor-Leste

por Agência LUSA

A Câmara Municipal de Lisboa (CML) vai pagar a recuperação do antigo Palácio do Governador em Lahane, arredores de Díli (Timor-Leste), orçada em 2,3 milhões de euros, disse hoje à Lusa a chefe de gabinete do presidente da autarquia portuguesa.

Gabriela Seara, que lidera uma delegação da CML que se encontra em Timor-Leste desde o passado dia 18, acrescentou que o edifício albergará ainda a futura residência oficial da Presidência da República e gabinetes de trabalho do chefe de Estado timorense.

Numa primeira fase, que se prevê esteja concluída a 20 de Maio de 2005 - data em que se completam três anos sobre a restauração da independência de Timor-Leste -, apenas deverá ficar concluído o corpo principal do palácio e arranjos exteriores.

A segunda fase, a concluir em Outubro de 2005, inclui a construção da residência oficial e dos gabinetes de trabalho.

O Palácio do Governador, também conhecido como Palácio de Lahane, constituía no período colonial a residência do Governador da então província ultramarina de Timor.

A delegação da CML regressa quarta-feira a Portugal. Durante a estada em Timor-Leste mostrou ainda às autoridades timorenses interesse em participar noutros projectos de recuperação de espaços públicos e construção de dois parques infantis em Díli, orçados em 200 mil euros.

"Viemos validar um conjunto de ideias que temos para projectos de colaboração e que são a recuperação de parte substancial dos jardins de Díli. Vamos, em parceria com a Águas de Portugal, participar no projecto de limpeza da rede fluvial e de saneamento básico", salientou.

Relativamente à recuperação de jardins na capital timorense, Gabriela Seara disse à Lusa que o projecto inclui a ocupação de veteranos da luta pela independência, a quem será dada formação na área da conservação de jardins.

"A recuperação dos jardins será feita com veteranos e vamos garantir estes postos de trabalho. Trata-se de um projecto de 13 a 14 meses, em que depois estas pessoas continuarão a trabalhar na conservação desses espaços públicos", acrescentou.

"Temos ainda a intenção de colaboração com a Administração do Distrito de Díli (entidade que tem as prerrogativas de câmara municipal), construir dois parques infantis e instalar no externato de São José uma biblioteca e uma ludoteca infantis", acentuou.

Outra área de intervenção em que a CML vai participar, e que arranca já em Dezembro, é a formação de professores do ensino primário em educação sexual.

"Conseguimos o apoio da igreja (Católica) para esta acção e as primeiras pessoas a formar vão ser as religiosas, que depois vão dar a formação às crianças", destacou.

A CML mantém desde 2002 uma representação permanente em Timor- Leste e entre o apoio prestado figura a reconstrução do complexo universitário, composto pelo Liceu Dr. Francisco Machado e pela Escola Canto Resende.

Esta obra foi realizada integralmente por mão-de-obra timorense sob a supervisão dos técnicos da CML.

Após a finalização desta obra, e ao abrigo de um protocolo com a entidade responsável pelo sector da Educação de Timor-Leste, este complexo foi entregue à Universidade Nacional de Timor Lorosae.

A CML apoia desde então a gestão e a manutenção das instalações e das valências deste complexo, que incluem o Auditório, a Tipografia, a Biblioteca, o Estúdio de Rádio Universitário, o Bar e a Cantina, com um orçamento anual de cooperação de cerca de 100 mil dólares.

Através de um novo protocolo assinado em Dezembro de 2002, é responsável pela impressão do Jornal da República (jornal oficial, correspondente ao Diário da República em Portugal) da República Democrática de Timor-Leste na Tipografia da Universidade.

Em parceria com a Cooperação Portuguesa e a União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas (UCCLA), a Câmara de Lisboa foi ainda responsável pelo calcetamento da entrada do cemitério de Santa Cruz e do Monumento à Independência no bairro de Motael, em Díli, tendo formado nove calceteiros timorenses.

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