Camané com José Mário Branco abrem sexta-feira a Festa do Fado, em Lisboa

por © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Lisboa, 05 Jun (Lusa) - Camané abre sexta-feira a Festa do Fado no Castelo de S. Jorge, em Lisboa, convidando José Mário Branco para partilhar o palco instalado na Praça de Armas.

Trata-se de uma estreia do intérprete neste festival fadista, cuja filosofia é o cruzamento da canção de Lisboa com outras sonoridades, como explicou à Lusa o responsável pela programação, Hélder Moutinho.

Camané estreia-se nesta festa que existe desde 2005 e que o ano passado recebeu 6.400 espectadores durante os oito espectáculos realizados, segundo dados da organização.

Além do criador de "Sei de um rio" (Pedro Homem de Mello/Alain Oulman) estreiam-se nesta festa Carmo (Prémio Amália Revelação 2005), Teresa Tapadas e Teresa Siqueira.

"O convite parte do fadista que escolhe um artista de outra área, havendo temas do repertório de cada um que trocam, e outros que interpretam conjuntamente", explicou Hélder Moutinho.

José Mário Branco irá interpretar fados de Camané, que aliás conhece bem, pois é o seu produtor discográfico desde 1995, e o fadista alguns canções suas.

Acompanham Camané e José Mário Branco, José Manuel Neto na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola, Paulo Paz e Carlos Bica no contrabaixo, José Peixoto na guitarra, Rui Júnior na percussão, e Filipe Raposo no piano.

Sábado, dia 07, actua Teresa Tapadas que convida a cantora de jazz Paula Oliveira.

Os espectáculos acontecem sempre sexta-feira e sábado à noite.

No dia da cidade, 13 de Junho, actua Jorge Fernando, que convida Sam the Kid.

Autor, intérprete e músico, Jorge Fernando, que editará no Outono um novo álbum, apresentará no Castelo vários temas do seu repertório.

Jorge Fernando, com um carreira de mais de 30 anos, é autor de "Boa noite solidão" e "Búzios", entre outros fados, e intérprete de temas como "Oxalá" ou "Quem vem ao fado".

Além da banda de Sam the Kid, em palco estarão também Custódio Castelo (guitarra portuguesa) e Filipe Larsen (viola baixo).

Em declarações à Lusa, Jorge Fernando, afirmou que "todas estas iniciativas são bem-vindas, tanto mais que o fado é o ex-libris cultural da cidade".

Opinião menos favorável tem sobre "o fado no eléctrico", uma iniciativa do Município de Lisboa que "nada dignifica nem o fado nem os fadistas" e que apresenta os artistas nos carros eléctricos enquanto circulam pela cidade.

"O fado no eléctrico não devia acontecer pois não tem condições e não é o espaço indicado e com um certo cerimonial que está ligado a esta arte", afirmou à Lusa.

Dia 14 o palco do Castelo acolhe Lula Pena, Richard Galliano, Custódio Castelo e as Adufeiras de Monsanto.

Lula Pena surgiu há alguns anos com o disco "Phados", tendo sido considerada uma revelação para a nova música portuguesa e apontada como intérprete de um género musical alternativo ao fado tradicional sem se apresentar como "novo fado".

O guitarrista Custódio Castelo tem-se destacado quer como instrumentista ao lado de nomes como Cristina Branco ou Margarida Guerreiro, quer como compositor, tendo musicado poetas portugueses como Pedro Homem de Mello ou Alexandre O`Neil.

Richard Galliano "é um dos mais importantes acordeonistas da actualidade internacional, que por coincidência já fez concertos ao lado de Custódio Castelo pelo mundo fora", disse Moutinho.

As Adufeiras "são indiscutivelmente um dos nossos melhores grupos de música de raiz", prosseguiu.

Dia 20 Mafalda Arnauth convida o Ensemble Costa do Castelo para apresentar um espectáculo único intitulado "Clássicos, standards e raridades".

Dia 21 de Junho Joana Amendoeira acompanhada por Pedro Pinhal (guitarra portuguesa), Pedro Amendoeira (viola) e Paulo Paz (contrabaixo) convida o Mar Ensemble, um conjunto propositadamente criado para este evento, para apresentar "Poetas do meu país".

Dia 27 decorre uma "festa em família": a fadista Carmo actua com o irmão Francisco Andrade, líder da banda pop/rock Skrap, e convida a mãe, a fadista Teresa Siqueira.

"A Carmo reúne na interpretação, na voz e na atitude, todas as influências que bebeu desde a sua infância. Sente-se, ao ouvi-la, a presença e o peso dos grandes intérpretes e dos maiores compositores de sempre na cena e na história do Fado", salientou à Lusa Hélder Moutinho.

Dia 28, Carlos do Carmo encerra a Festa do Fado convidando o maestro António Vitorino de Almeida, autor aliás, de alguns dos seus fados, designadamente "Campo Grande".

"O meu querido amigo António que fez três fados para mim, irá tocar e falar com o público o que lhe aprouver", disse à Lusa Carlos do Carmo, cujo mais recente álbum, "À noite", vendeu já cerca de 35.000 unidades.

"Estamos perto da dupla platina e ainda não entrou nos trilhos tradicionais do mercado, discotecas e as grandes superfícies", disse o fadista.

Relativamente à Festa do Fado, o criador de "Canoa" (Frederico de Brito) afirmou que "anima a cidade e seria aberrante as Festas de Lisboa sem uma celebração do fado".

NL.

Lusa/Fim


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