Lisboa, 02 Abr (Lusa) - Os artistas Júlio Pomar e Joana Vasconcelos inauguram em Paris, a 08 de Abril, obras realizadas a partir de moldes antigos de cerâmicas de Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) às quais deram novas configurações.
A Fundação Calouste Gulbenkian pediu a Júlio Pomar que fizesse uma exposição no seu centro cultural em Paris em conjunto com outro artista português à sua escolha pertencente a uma geração mais jovem.
Júlio Pomar convidou Joana Vasconcelos a participar neste projecto, com curadoria de Lúcia Marques, intitulado "À la mode de chez nous", que visa mostrar duas visões contemporâneas sobre a herança cultural do seu país de origem.
A exposição, que irá estar patente até 12 de Junho, está articulada em torno do trabalho do ceramista Rafael Bordalo Pinheiro, fundador, em 1884, da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, que, apesar das sucessivas crises, continua a funcionar.
Júlio Pomar usou vários moldes de animais criados por Bordalo Pinheiro para criar os seus próprios seres fantásticos, baptizando-os com os nomes próprios Joana, Ezequiel, Judite, Suzy e José, para os aproximar da raça humana, como faz habitualmente com os animais que habitam o seu percurso artístico.
Nascido em Lisboa em 1926, Júlio Pomar tem desenvolvido o seu trabalho artístico em pintura, escultura, desenho e colagens. A Fundação Gulbenkian fez duas restrospectivas sobre a sua obra, uma em 1978 e outra em 1984.
Por seu turno, Joana Vasconcelos pegou nos desenhos originais de Bordalo Pinheiro e seguiu os seus métodos tradicionais de fabricação para recriar uma selecção dos animais do ceramista, como o caranguejo e o lobo, e cobriu-os totalmente com croché de vários padrões e cores diferentes.
Para tornar mais evidente o contraste entre o trabalho dos dois artistas, a exposição é complementada com duas outras obras de Joana Vasconcelos, uma das quais, "Coração Independente Vermelho 2#3", é composta por talheres de plástico, que evoca os típicos corações em filigrana de Viana do Castelo. Suspensa do tecto, a obra gira ao som de um fado cantado por Amália.
Também criada em 2008, a outra obra chama-se "Contaminação" e é uma escultura abstracta tentacular de grandes dimensões toda em tecido colorido que já esteve exposta na Pinacoteca de São Paulo, no Brasil.
Joana Vasconcelos, nascida em 1971, usa no seu trabalho elementos retirados da cultura popular portuguesa para explorar temas como o papel da mulher na sociedade de consumo e a sexualidade feminina.
A artista participou na Bienal de Artes de Veneza em 2005 apresentando a obra "A noiva".