«0 exemplo de Sousa Mendes foi e é para mim um dos mais belos da nossa história nacional e um dos exemplos mais universais do que um verdadeiro homem é capaz de fazer», disse o cantor à Agência Lusa a propósito da homenagem.

Este dois concertos vão realizar-se dois anos depois de um primeiro organizado em Maio de 2005 pelo cantor, que recordou ter tido então, por força do êxito obtido, de «dar de novo um recital em Novembro do mesmo ano».

O convite a Chaminé para os dois espectáculos em Bayonne e Bordéus, «duas cidades emblemáticas» na vida do cônsul português, foi-lhe dirigido pelo Comité da Fundação Aristides Sousa Mendes.

Nas duas cidades - na Scène Nationale, em Bayonne, e no Theatre National, em Bordéus - Chaminé cantará acompanhado por Benoît Maurel e Daniel Díaz (guitarras), Javier Estrella (percussões) e Olivier Manoury (bandoneón).

Haverá - referiu - «repertório que nos levará das margens do Tejo às margens do Jordão, das margens do Guadalquivir às margens do rio de La Plata ou do Amazonas", aliando melodias clássicas ao fado, tango e bossa-nova.

«É - explicou - um programa original e cosmopolita que tenta (...) dar uma imagem fidedigna do universalismo da personagem que foi Sousa Mendes.

Não esqueçamos que salvou [dos campos de extermínio nazis] mais de 30.000 pessoas de origens e credos diferentes».

Entre os dois concertos, a 03 de Junho, e depois do segundo, a 29 de Junho, o barítono dará dois recitais em Paris, interpretando poesia e música portuguesas de, entre outros, Cláudio Carneyro e Fernando Lopes-Graça.

Para Julho tem agendada a gravação da ópera «Le roi se meurt», de Olivier Kaspar, sobre a peça de teatro homónima de Ionesco, prepara em seguida na Toscana, Itália, a Quinta edição do Festival C.I.M.A. (Concerti in Monte Argentario), que dirige artisticamente, e em Setembro parte para "tournées" de concertos e recitais no Brasil, Canadá e Estados Unidos.

«Para Portugal - assinalou -, por enquanto, nada, mas fico à espera...pois não gostaria de ser o `estrangeirado` longe da vista, e dos ouvidos, longe do coração».

Nascido no Porto e actualmente a residir em Paris, Jorge Chaminé é hoje um dos cantores líricos portugueses com maior projecção internacional, do seu currículo constando recitais em várias das mais prestigiosas salas de concerto mundiais e actuações ao lado de «divas» da cena lírica como Mirella Freni, Montserrat Caballé e Teresa Berganza.

De entre as obras que gravou em disco destacam-se "lieder" e "Deutsches Requiem", de Brahms, a ópera "Dama de Espadas", de Tchaikovsky, "Tangos", "Tarde de poetas", de Luis de Pablo, e "Canções", de Cláudio Carneyro.