Barbara Wagner e Catarina Simão nas Galerias Municipais de Lisboa em janeiro
A dupla brasileira Barbara Wagner & Benjamin de Burca e as artistas portuguesas Catarina Simão e Catarina Botelho vão apresentar três novas exposições em janeiro, nas Galerias Municipais de Lisboa, foi hoje anunciado.
De acordo com a programação anunciada, o calendário de 2020 começa com a mostra da dupla brasileira Barbara Wagner & Benjamin de Burca, "Estás vendo coisas", na Galeria da Boavista, em 16 de janeiro, com curadoria de Rayne Booth, que ficará patente até 12 de abril.
Composta por duas instalações cinematográficas, a exposição desenvolve uma prática centrada no trabalho com grupos de artistas que atuam em diferentes géneros da dança, música e outras formas de autoexpressão.
No caso desta exposição, os trabalhos concentram-se na música `brega` do norte do Brasil ("Estás Vendo Coisas", 16`, Brasil, 2016) e na poesia de palavras faladas de Toronto, Canadá ("Rise", 21`, Canadá/EUA/Brasil, 2018).
Nos últimos anos, os artistas também trabalharam com cantores evangélicos, artistas de música `schlager`, na Alemanha, dançarinos de `frevo` e `swingueira`, do Brasil.
A obra destes artistas centra-se na criação de imagens em movimento que existem no cruzamento entre arte e cultura popular, documentário e ficção.
Está ainda prevista uma exibição de "Swinguerra" (2019), filme comissariado para a representação brasileira na 58.ª Bienal de Veneza, com estreia nacional a 17 de janeiro, às 19:00, no Cinema São Jorge, em Lisboa.
No dia 19 de janeiro, será inaugurada uma exposição individual de Catarina Botelho, com curadoria da Sandra Vieira Jürgens, no Pavilhão Branco, nos jardins do Palácio Pimenta/Museu da Cidade, intitulada "Qualquer coisa de intermédio", que ficará patente até 19 de abril.
Catarina Botelho apresenta um projeto expositivo composto por uma série fotográfica formada por diferentes núcleos, e uma instalação de filme, que evocam algumas das suas preocupações atuais.
"O conjunto reflete sobre a forma como hoje vivemos o tempo, a condição do espaço urbano, como se rompem as lógicas organizacionais que o regulam e a proposta de uma contra-narrativa que compreenda o surgimento de possibilidades de existência esquecidas e invisíveis na cidade", segundo o texto das Galerias Municipais sobre esta nova mostra.
O foco de Catarina Botelho reside nas resistências humanas e vegetais, numa cidade e num tempo neoliberais, acrescenta a apresentação da mostra.
Na Galeria da Avenida da Índia, no dia 25 de janeiro, será a vez de a artista Catarina Simão apresentar a exposição "R-Humor", que tem como peça central uma coleção de 245 fotografias dos arquivos do Grassi Museum für Völkerkunde de Leipzig (museu de etnologia), na Alemanha.
Com curadoria de Cristiana Tejo, a mostra, que ficará patente até 05 de abril, recupera para a atualidade estas fotografias de um dos museus etnográficos de prestígio internacional da Saxónia, dando "um testemunho único para a história da coleção de arte Makonde" do Museu Nacional de Etnologia de Nampula, em Moçambique, reunida na época colonial.
Ao mesmo tempo, "e de uma forma crítica e satírica, elas [as imagens] são um paradoxo enquanto prova da clarividência sobre os comportamentos do colonizador branco", segundo o texto das Galerias Municipais.
"Este facto põe em causa o discurso estabelecido sobre o museu e as suas coleções coloniais. A história da translocação desta coleção fotográfica e a sua incorporação no Museu de Leipzig tem ainda a capacidade inesperada de revelar uma visão sobre as ligações entre a República Democrática da Alemanha e o processo de independência em Moçambique", acrescenta.
As Galerias Municipais são um conjunto de cinco espaços sob gestão da Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural (EGEAC) de Lisboa, que se destinam à promoção e à divulgação das artes visuais.