Portugal participa hoje, pela primeira vez, no festival literário de Leipzig, "Literarischer Herbst" (Outono Literário), com a presença de José Luis Peixoto, Afonso Reis Cabral, Afonso Cruz e Dulce Maria Cardoso.
A iniciativa, que decorre na "Haus des Buches" (casa do livro e da literatura), até ao dia 25, antecipa a participação de Portugal como País Convidado da Feira do Livro de Leipzig, em 2021.
José Luís Peixoto e Afonso Reis Cabral, ambos vencedores do Prémio Saramago, em 2001 e 2019 respetivamente, vão conversar sobre o legado da obra do Nobel português para a literatura em língua portuguesa, e ler trechos das suas obras.
"Estamos a preparar, no fundo, a presença portuguesa na Feira do Livro de Leipzig que, se tudo correr bem, será em maio de 2021", sublinhou Afonso Reis Cabral, em declarações à agência Lusa.
"Vou estar à conversa com o José Luís Peixoto, à volta de Saramago, no contexto do prémio Saramago. Por coincidência, o meu livro `Pão de Açúcar`(2018) sai, em alemão, em março do próximo ano", referiu.
"Nas circunstâncias em que tive a oportunidade de vir apresentar os meus livros, tanto na Alemanha como na Áustria, o nome de Saramago foi sempre muito referido", garantiu José Luís Peixoto.
"A minha impressão é de que é um dos nomes mais conhecidos da literatura portuguesa contemporânea aqui na Alemanha", acrescentou o escritor, que teve o seu primeiro livro traduzido para alemão, "Uma casa na escuridão" (2002), em 2012.
"Também tive oportunidade de publicar um romance que fala sobre José Saramago diretamente. Chama-se `Autobiografia`(2019) e tem a figura de Saramago muito presente, uma vez que ele é convertido em personagem, uma das centrais do romance", explicou.
Já Afonso Cruz, autor de obras como "Para Onde Vão os Guarda-Chuvas" (2013) e "Flores" (2015), em residência literária em Berlim, vai apresentar hoje, ao final da tarde, vários dos seus livros.
"Prefiro falar de vários livros. Porque me dedico a mais do que um género, a mais do que um estilo, e porque tenho também a vertente da ilustração. É mais fácil, ou mais produtivo, falar do conjunto da obra, do que uma em particular", adiantou o escritor à Lusa.
Dulce Maria Cardoso estará ao lado do seu tradutor, Steven Uhly, para "falar dos livros, mas também da pandemia", um tema incontornável, considera a escritora.
"Acho sempre muito importante a relação que se estabelece com o tradutor porque, para mim, é um coautor. Esta versão dos livros é dele, não é minha", destacou.
A escritora, que já marcou presença na Feira do Livro de Leipzig em 2017, conta com "O Retorno" (2011), traduzido para alemão, tendo sido, recentemente, comprados os direitos de "Eliete" (2018).
"O evento esgotou, o público está muito curioso e interessado em encontrar os nossos autores", garantiu à Lusa Patrícia Severino, conselheira na Embaixada de Portugal na Alemanha e a comissária para a Feira do Livro de Leipzig.
"Estamos a pensar uma programação ao longo dos próximos meses que permita ao público alemão estar em permanente contacto com a literatura e os autores de língua portuguesa", assegurou.
O "Literarischer Herbst" (Outono Literário) decorre na Casa da Literatura de Leipzig (Literaturhaus Leipzig -- Haus des Buches) e será moderado pelos tradutores Michael Kegler e Dania Schüürmann.