O presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, considerou hoje que os alertas de sete programadores e comissários de Capitais Europeias da Cultura (CEC) sobre a gestão de Évora2027 confirmam as preocupações manifestadas pelo município.
"Essa tomada de posição vem confirmar as preocupações que nós já tínhamos manifestado, quando, em termos práticos, foi afastada a Equipa de Missão da Associação Évora2027", afirmou o autarca alentejano, em declarações à agência Lusa.
Pinto de Sá falava a propósito das preocupações expressas por sete programadores e comissários de CEC numa carta enviada ao diretor de Cultura, Criatividade e Desporto na Comissão Europeia, George Hausler, na sequência da demissão de Paula Mota Garcia da coordenação da Equipa de Missão Évora_27.
"Essa carta mostra bem a preocupação que estas alterações tiveram no âmbito europeu", sublinhou, realçando que a então Equipa de Missão tinha "o `know-how` e os principais contactos, ligações e relações com os vários projetos e a família das CEC".
Lembrando que as decisões sobre Évora2027 estão agora nas `mãos` da associação e do Governo, o presidente do município disse esperar que, pelo menos, "esta carta alerte os responsáveis para a situação que está criada".
"É também necessário garantir o financiamento à Capital Europeia da Cultura o mais rapidamente possível", advertiu, por outro lado, o autarca.
Segundo Pinto de Sá, a iniciativa tem garantidos, até agora, 15 milhões de euros do Orçamento do Estado e quatro milhões de euros do Fundo de Turismo.
"Mas ainda não estão identificados, apesar de ter havido avanços nesse sentido, os 15 milhões de euros que devem vir de fundos da União Europeia", referiu.
Quanto ao financiamento para a construção do novo Pavilhão Multiusos e do futuro Centro Nacional de Dança Contemporânea, previstos no `bid book`, acrescentou o presidente da Câmara de Évora, "nem sequer ainda há qualquer perspetivas".
Paula Mota Garcia demitiu-se por considerar que "não estavam reunidas as condições" para continuar, e apontou atrasos na constituição da associação gestora da CEC, formalizada apenas em fevereiro de 2024.
Dias depois da demissão de Paula Mota Garcia, tomou posse a direção da associação gestora de Évora_27, tendo sido escolhida a jurista Maria do Céu Ramos para a presidir.
A dois anos de Évora ser Capital Europeia da Cultura, está ainda por anunciar o concurso público para escolher as direções artística e executiva.
Esta mudança levantou questões entre os responsáveis de outras sete CEC -- atuais e futuras -, que escreveram uma carta à Comissão Europeia, noticiada no domingo passado no jornal Público, também numa altura em que está em curso uma revisão do atual modelo Capital Europeia da Cultura (CEC) que termina em 2033.
Os programadores e comissários de CEC que subscreveram a missiva, como dois deles contaram à Lusa, manifestaram preocupação com a mudança na gestão de Évora2027 e consideram difícil executar o programa em dois anos.
A carta enviada à Comissão Europeia foi assinada por Elisabeth Schweeger (Bad Ischl 2024, Áustria), Pascal Keiser (Bourges 2028, França), Henrik Dagfinrud (Bodo 2024, Noruega), Mija Lorbek (Nova Gorica e Gorizia 2025, Eslovénia), Piia Rantala-Korhonen (Oulu 2026, Finlândia), Lukas Cerny (Ceske Budejovice 2028, República Checa) e Rafal Kozinski (Lublin 2029, Polónia).