"Astérix na Lusitânia" chega em outubro com referências "aos arquétipos" portugueses

por Carla Quirino - RTP
Capa provisória de Astérix en Lusitanie Éditions Albert René

O 41.º álbum de banda desenhada dos gauleses mais famosos do mundo vai chegar às bancas, em outubro, sob o título "Astérix na Lusitânia". Deixa assim adivinhar que o palco da próxima aventura dos dois heróis vai ser a antiga Lusitânia romana, atual território português.

Ainda com capa provisória, as aventuras da nova banda desenhada de Astérix e Obélix passam-se na antiga Lusitânia, revelaram na segunda-feira o argumentista Fabcaro (Fabrice Caro) e o ilustrador Didier Conrad.

Será o 41.º album da coleção e tem lançamento previsto para 23 de outubro de 2025, editado pela Éditions Albert René.

A história de BD está 99 por cento completa, dizem os autores, e tem como pano de fundo a época romana na Lusitânia, que corresponde ao atual território português.
Lusitano da era Uderzo e Goscinny
Porém, o conteúdo ainda é muito secreto. De acordo com a imprensa francesa, sabe-se que uma personagem da época dos dois criadores Goscinny e Uderzo regressará. Essa figura só aparece em dois momentos do álbum "O Domínio dos Deuses" . É um escravo (sem nome) que, como outros, trabalhava para os romanos na construção do empreendimento conhecido por "Domínio dos Deuses".

Também a editora Asa, do grupo editorial LeYa, confirmou em comunicado que o livro sairá em Portugal a 23 de outubro, com o título "Astérix na Lusitânia", e que a história incluirá uma personagem que já tinha aparecido em 1971.

"Tudo o que posso dizer é que um antigo escravo lusitano com quem nos cruzámos em O Domínio dos Deuses virá pedir ajuda aos nossos amigos", explica o argumentista Fabcaro, citado pelo grupo LeYa.

“Gostei da ideia de fazer uma referência à era Uderzo e Goscinny”, sublinharam os autores, citados na RTL.

Excerto de "O Domínio dos Deuses" com a personagem o lusitano | Carla Quirino - RTP
Homenagear os artesãos da calçada portuguesa
O próximo Astérix é um "álbum de uma viagem", vai contar as peripécias longe da aldeia gaulesa e, por isso, exigiu "alguma investigação histórica" sobre o país de destino. Fabcaro explicou que o argumento faz várias referências à História, à cultura e “aos arquétipos” de Portugal. Por exemplo, "brinca" com os padrões de comportamento que podem ser identificados e associados à comunidade portuguesa.

“O tema da sociedade local é transversal e por isso deve figurar nos álbuns de Astérix e Obélix", explicou Fabcaro.

A editora espanhola Hachette Livre, citada no jornal espanhol El País, acrescenta que Portugal da época romana é o local escolhido para a dupla gaulesa onde, "em breve, encontraremos os nossos irredutíveis amigos gauleses no canto sudoeste do Império Romano, num país conhecido pela riqueza de monumentos, pelas especialidades culinárias e, acima de tudo, pela generosidade de seus habitantes".

Já o argumentista enfatiza ainda que para esta nova aventura queria "um álbum ensolarado, luminoso, num país mediterrânico que remetesse para férias".

A partir de uma "super-reportagem fotográfica do Fabrice Caro" sobre Portugal, o desenhador Didier Conrad quis "homenagear o formidável trabalho dos artesãos" que fazem a calçada portuguesa, uma das referências que constará no livro, de acordo com a Lusa.

Na capa provisória divulgada esta semana, é possível ver Obélix com o inseparável cão, Ideiafix, e o amigo Astérix a caminhar sobre uma tradicional calçada portuguesa, bom conhecida como um revestimento de chão único em forma de mosaico.

O desenho reproduzido na capa é "de um peixe emblemático do país: o famoso bacalhau", revelou Didier Conrad, também citado pela Asa.

Em dezembro passado, a editora Éditions Albert René, que detém os direitos da banda desenhada, já tinha anunciado que, no 41.º álbum, os heróis Astérix e Obélix sairiam da irredutível aldeia gaulesa para uma viagem.

“Procurei um destino onde os nossos amigos nunca tinham estado, mas também um sítio onde eu quisesse mergulhar enquanto escrevia”, afirmou, na altura, o argumentista FabCaro.

"Estamos calmos, mas muito animados", confidenciou Didier Conrad. O álbum está quase pronto, só "estamos a colocar as cores", diz o autor.
Irredutíves desde 1959
Segundo a editora portuguesa, mundialmente, já foram vendidos 400 milhões de exemplares dos álbuns publicados de Astérix e Obélix.

A 29 de outubro de 1959, nas páginas da revista francesa Pilote, René Goscinny e Albert Uderzo deram a conhecer o universo dos irredutíveis Astérix e Obélix, que com a ajuda da poção mágica do druída Panoramix, lhes conferia uma força sobre-humana para vencer os romanos de César. O primeiro album, intitulado "Astérix, o gaulês" saiu em 1961.

Excerto de "O Domínio dos Deuses" com a personagem o lusitano depois de beber a poção mágica | Carla Quirino - RTP

Goscinny morreu em 1977, Uderzo em 2020. Porém, a obra não, por Toutatis. Até porque os leitores das missões destes heróis vão querer saber se os gauleses continuarão a "temer apenas  que o céu lhes caia em cima da cabeça" ou se mantêm a opinião de que "estes romanos são loucos".

Os fãs da saga terão que esperar até outubro para saber porque é que os dois gauleses vêm até à Lusitânia e o quais os desafios que os esperam. "Astérix na Lusitânia" será publicado em simultâneo em 19 línguas e dialetos.
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