Porto, 09 mar 2020 (Lusa) -- A peça "Desastre Nu", da autoria de António Aragão, estreia-se na terça-feira na Quinta da Caverneira, na Maia, e põe em palco uma tragicomédia que aborda a "urgência de destruir ou reconstruir" os poderes políticos, económicos, sociais ou religiosos.
Em cena até domingo, quatro atores interpretam nove personagens em estado neurótico e louco, promovendo uma espécie de psicose coletiva que as faz chegar ao limite emocional e que tem como consequência a revolução de si mesmo dentro de uma sociedade que se encontra em crise, referiu hoje o Teatro Art`Imagem, em comunicado enviado à Lusa.
Com dramaturgia e encenação de Daniela Pêgo, as personagens esperam de forma ansiosa chegar a bom porto e lidam, de forma constante, com quem são, iludindo a sua frustração, sublinhou.
Focado no comportamento humano e expondo a incoerência e a ignorância das sociedades, "Desastre Nu" mostra homens e mulheres num limite extremo, solitários e expostos de forma agressiva numa crítica feroz à sociedade, frisou.
"Uns nascem a favor e outros do contra. Qual a direção mais segura?", questionam, deparando-se em reflexão com a "realidade suja" da existência.
"A humanidade está cheia de si mesma. É urgente destruir (reconstruir?) o poder. O poder político, o poder religioso, o poder económico, o poder social, a discriminação e o abuso ligam-se num só texto e em palco, num jogo de poder com enredos cíclicos e absurdamente expansivos", adiantou a nota.
Ao longo de 90 minutos, as personagens promovem a representação da crise social que a humanidade vive, mostrando as suas "mazelas apodrecidas", ressalvou o teatro.
A humanidade "cheira mal, cheira muito mal", frisou, acrescentado que a peça demonstra a "loucura de ontem e de hoje".
Da Quinta da Caverneira, o "Desastre Nu" segue para o Teatro Municipal de Bragança (01 de abril), Casa de Teatro de Sintra (04 abril) e Fórum Jovem da Maia (08 abril).