Uma onda gigantesca e revolta, contrastando com a bonança do horizonte, levanta uma embarcação e os seus aflitos ocupantes.
Os náufragos parecem até fundir-se com as ondas dando-lhes forma.
Com o título do quadro, História Trágico-Marítima, Maria Helena Vieira da Silva evoca a obra setecentista que relata os naufrágios das naus portuguesas na era dos Descobrimentos.
E remete ainda para a época trágica da História em que a artista vive então, a Segunda Guerra Mundial. Com o deflagrar do conflito, Vieira da Silva e o marido húngaro e também artista, Arpad Szenes, na altura apátridas, exilaram-se no Brasil.
A guerra e o exílio tornaram-se então tema recorrente na sua obra. Este naufrágio leva-nos a sentir quão contemporânea é a tragédia que nele se expressa, vivendo nós num tempo em que dramas semelhantes têm vindo a ressurgir.