Abdulrazak Gurnah vence Prémio Nobel da Literatura

por RTP
Niklas Elmehed/Divulgação do Prémio Nobel

Romancista Abdulrazak Gurnah, que vive o Reino Unido, é o vencedor do Prémio Nobel da Literatura 2021, foi esta quinta-feira anunciado pela Academia Sueca. Não era premiado um autor que não fosse europeu ou norte-americano desde 2012.

Abdulrazak Gurnah é o Prémio Nobel da Literatura 2021. O anúncio foi feito esta quinta-feira, pelo 12h00, pela Academia Sueca numa conferência de imprensa transmitida online.

O escritor e romancista nasceu em 1948 na ilha de Zanzibar, no Oceano Índico ao largo da Tanzânia, tendo-se mudado para o Reino Unido na década de 1960, com o estatuto de refugiado. Foi nomeado pela Academia Sueca, esta quinta-feira, pela "penetração inflexível e compassiva aos efeitos do colonialismo e do destino dos refugiados no abismo entre culturas e continentes".


Abdulrazak Gurnah, de 73 anos, escreve em inglês e reside atualmente no Reino Unido, sendo os seus livros mais conhecidos 'Paradise' (1994), 'Desertion' (2005), e 'By the Sea' (2001). O escritor é autor de dez livros, foi professor de inglês na Universidade de Kent e membro do júri do Prémio Man Booker, em 2016.

Apesar de a sua primeira língua ter sido Suaíli, foi o inglês que se tornou a sua ferramenta literária. A Academia Sueca premiou-o devido à sua obra se centrar nos temas relativos aos refugiados.

"A dedicação de Gurnah à verdade e sua aversão à simplificação são impressionantes", mencionou a Academia Sueca. "Isso pode torná-lo sombrio e intransigente, ao mesmo tempo que segue o destino dos indivíduos com grande compaixão e comprometimento inflexível".

"Os seus romances recuam de descrições estereotipadas e abrem o nosso olhar para uma África Oriental culturalmente diversificada, desconhecida para muitos em outras partes do mundo. No universo literário de Gurnah, tudo está a mudar - memórias, nomes, identidades".

"Uma exploração interminável impulsionada pela paixão intelectual está presente em todos os seus livros, e igualmente proeminente agora, em Afterlives , como quando ele começou a escrever como um refugiado de 21 anos"
.

Abdulrazak Gurnah não tem atualmente obra traduzida disponível em Portugal. O seu único título trazido para o mercado nacional é "Junto ao Mar", editado pela defunta Difel, em 2003. Da obra de Gurnah, "Paradise", lançado em 1994, firmou-o como um nome a ter em conta na cena literária internacional, valendo-lhe nomeações para o Prémio Booker.

O escritor sucede à poetisa norte-americana Louise Glück, premiada em 2020. É a primeira vez desde 2012 que o Nobel da Literatura não é atribuído a um escritor não europeu ou norte-americano - ano em que foi laureado o escritor chines Mo Yan.

A premiação de Abdulrazak Gurnah foi considerada já como uma surpresa face às previsões que se iam somando nos dias prévios a esta atribuição. De acordo com as bolsas de apostas, os vencedores mais prováveis eram a francesa Annie Ernaux, o queniano Ngũgĩ wa Thiong’o, o japonês Haruki Murakami e a canadiana Margaret Atwood. No que toca a escritores de expressão portuguesa, o moçambicano Mia Couto era aquele que se afigurava como o mais provável para receber o galardão.

O Nobel da Literatura é um prémio concedido anualmente, desde 1901, pela Academia Sueca a autores que fizeram notáveis contribuições na literatura, e tem um valor pecuniário superior a 900 mil euros.

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