25º Festival de Almada - um dos melhores da Europa, com 19 companhias de 8 países

por © 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Lisboa, 02 Jul (Lusa) - O Festival de Teatro de Almada, cuja 25ª edição começa sexta-feira, é hoje considerado um dos melhores da Europa, mas o seu director, o encenador Joaquim Benite, ainda não está satisfeito e pretende "fazer mais".

"Em cada edição tinha a ambição de fazer melhor no ano seguinte. Eu tinha uma ideia do que queria atingir pelo que via lá fora, nomeadamente os festivais de Nancy e o de Avignon", disse Joaquim Benite à agência Lusa.

Para Benite, que é também director da Companhia de Teatro de Almada, não se completam 25 anos sem ambição, "mas não se alcançou uma meta, há sempre a vontade de fazer mais".

"Segundo a imprensa estrangeira, o Festival de Almada está entre os três melhores da Europa, ao lado do de Edimburgo e do Avignon", acrescentou.

Para o responsável, o festival "é um caminho que se faz caminhando" e, por isso, ele já está a preparar o do próximo ano e a "articular" o de 2010.

"Estamos na alta roda dos festivais internacionais, o que é um milagre com um subsídio destes, mas que se deve características próprias do festival", afirmou

O Festival de Almada, "com cerca de 20.000 espectadores por edição", tem um orçamento para este ano de 500.000 euros.

"Só um quarto deste orçamento é para a vinda do Berliner Ensemble", um dos destaques da edição deste ano que leva a cena no Municipal de Almada, dias 12 e 13 de Julho, "Peer Gynt", de Henrik Ibsen, com encenação de Peter Zadeck.

Trata-se de uma das mais famosas companhias de teatro da Europa, criada em 1949 pelo dramaturgo Bertold Brecht e a sua mulher, a actriz Helene Weigel.

O financiamento "tolhe horizontes", mas "das fraquezas o Festival tem feito forças", disse Benite, realçando o papel das parceiras.

Este ano foram feitas onze parcerias, nomeadamente com o teatro municipal S. Luiz, Teatro Nacional Dª. Maria II, o municipal Maria Matos, a Culturgest e o Instituto Franco-Português.

"Quase toda a programação é um bom espectáculo", disse Benite.

Além da presença do Berliner Ensemble, destacou a encenação de Robert Cantarella de "Hippolyte" de Robert Garnier pelo Théâtre Dijon-Bourgogne, nos próximos sábado e domingo, no Municipal de Almada, e a participação de outra companhia francesa, a de Alain Ollivier, que apresenta "El Cid" de Corneille nos dias 16 e 17 de Julho no Nacional Dª. Maria II.

Outro destaque de Benite é o espectáculo encenado por Ana Zamora, "Misterio del Cristo de los Gascones", um texto baseado na tradição oral e que é levado à cena no Teatro do Bairro Alto pela Nao d`Amores, nos próximos dias 15, 16 e 17.

No total participam este ano 11 companhias estrangeiras, de França, Espanha, Cuba, Itália, Chile Alemanha, e Moçambique, além de oito de Portugal.

Até 18 de Julho estão previstas sete estreias nacionais entre Almada e Lisboa, e além das produções teatrais haverá um recital de Luís Madureira com Jeff Cohen no Teatro São Luiz, dias 11 e 12 de Julho.

O tenor Luís Madureira, acompanhado ao piano por Cohen, irá recriar temas do repertório da cantora francesa Barbara.

"Barbara soube recriar de forma sublime o universo da canção francesa, sabendo de forma peculiar articular a música com a letra, e que Luís Madureira irá homenagear", explicou Benite.

O festival vai ainda homenagear o pintor, cenógrafo e figurinista João Vieira pela "responsabilidade política e a intervenção social" que caracterizaram "a busca de linguagens novas e o desejo radical de modernidade".

João Vieira, cuja actividade teatral começou no grupo de Campolide na década de 1970, terá uma exposição dedicada à sua obra plástica na Casa da Cerca, em Almada, intitulada "Não pintura".

Também na cidade de Almada, na Escola D. António da Costa, inaugurará uma exposição documental dedicada à sua vida e obra.

João Vieira é o autor do cartaz oficial do festival e o segundo cenógrafo distinguido, depois de Mário Alberto.

Paralelamente às peças levadas a cena, estão previstas exposições, colóquios e debates.

No Fórum Romeu Correia, em Almada, estará patente uma exposição organizada pela autarquia em co-produção com o Californian Museum of Photography e a galeria 212 - Berlim, intitulada "Che! mito e revolução".

Esta exposição, que já foi apresentada em Nova Iorque, Londres, Milão, Amsterdão e Barcelona, foi criada a partir da fotografia "Guerrillero Heroico", de Alberto Korda, que retrata Ernesto Guevara, e nela participam artistas como Marco Lopez, Vik Muniz, Ruben Ortiz Torres e Martin Parr.

A Casa da Cerca será também espaço para tertúlias e encontros de reflexão sob duas directrizes: "O papel presente e as perspectivas de futuro dos festivais" e "Corpos em palco e práticas cénicas".

O primeiro tema de reflexão conta com a colaboração do Instituto Intrnacional de Teatro Mediterâneo e o segundo com a Associação Portuguesa de Críticos de Teatro.

O festival decidiu criar este ano o Prémio Internacional de Jornalismo Festival de Almada, no valor de cinco mil euros, para distinguir o melhor texto publicado sobre esta mostra de teatro.

O Festival abrirá com o espectáculo "Gulliver", de Jaime Lorca, uma produção de dança CulturArte de Moçambique, no dia 04 de Julho, na Escola D. António Costa, em Almada, e encerrará em Lisboa, no IFP, no dia 18, com a apresentação da peça "A última história de Werther", de Inês Leitão, encenada por João Meirelles.

NL.

Lusa/Fim


PUB