O ministro da Saúde cabo-verdiano garantiu hoje que os procedimentos para aquisição das vacinas contra a covid-19 da Pfizer e da AstraZeneca estão concluídos e as primeiras doses deverão chegar em março, admitindo ainda usar a russa e chinesa.
Em entrevista à agência Lusa, o ministro Arlindo do Rosário esclareceu que a aquisição das vacinas através da plataforma Covax, suficientes para imunizar 35% da população, vai recorrer às duas principais fabricantes mundiais atuais, embora ainda sem data oficial para entrega.
"Com toda a frontalidade, ainda não sabemos. Já fizemos tudo o que era necessário, em termos de procedimentos, os trâmites. O último era junto das empresas fornecedoras, já assinámos o termo de compromisso com essas empresas. Agora está com a Covax indicar a data em que a vacina poderá ser disponibilizada e entregue a Cabo Verde", afirmou.
Segundo Arlindo do Rosário, os processos formais para essa aquisição, financiada pelo Banco Mundial - 4,1 milhões de euros para vacinas para 200 mil pessoas, equivalente a 35% da população - "já terminaram" e a entrega das vacinas será feita "muito em breve", mantendo a previsão de acontecer até final de março.
"Ainda estamos a tempo desse prazo, para as vacinas começarem a chegar", apontou.
Através da plataforma Covax -- O Governo de Cabo Verde mantém contactos bilaterais para aceder a outros fornecimentos -, a primeira vacina a chegar ao país será a da Pfizer, que será aplicada aos profissionais de saúde "que estão na linha da frente" do combate à pandemia. Segue-se, explicou, ainda em "março ou início de abril" a entrega de mais de 100 mil doses da vacina da AstraZeneca.
Contudo, Arlindo do Rosário admite que outras vacinas poderão entrar no lote das aquisições por Cabo Verde, via Covax, que estão em processo de certificação, em regime de emergência, pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
"E quando falo dessas vacinas, entra a vacina Sputnik, da Rússia, a vacina chinesa, que está também a ser certificada. Há outras vacinas que poderão entrar no lote que vamos adquirir", explicou.
O plano nacional de introdução e vacinação contra a covid-19 em Cabo Verde, aprovado este mês pelo Governo, priorizou os profissionais de saúde, pessoas com doenças crónicas, idosos, professores, profissionais hoteleiros, ligados ao turismo e das fronteiras, polícias, militares e bombeiros.
Para o efeito, "será necessária a aquisição de 267.293 doses" da vacina para a população alvo prioritária, num total de 111.372 pessoas, "e pretende-se vacinar até 2023 um total de 60% da população, sendo 20% em 2021, 20% em 2022 e 20% em 2023", de acordo com a estimativa oficial.
"A estratégia foi traçada de acordo com a população alvo definida pelo país e faseada de acordo com as orientações da Organização Mundial da Saúde e a disponibilidade das doses", lê-se ainda, embora o governante admita que será possível vacinar pelo menos 35% da população já este ano.
Com relatos de vacinação indevida em vários países, fora dos grupos prioritários, Arlindo do Rosário assume que as autoridades de saúde vão fazer "todos os possíveis" para evitar "fura filas" no processo de vacinação em Cabo Verde, recordando que o país já tem "uma experiência muito vasta e de longa data em termos de vacinação".
Ainda assim, garante, vão ser implementadas medidas preventivas, como a "identificação" das pessoas a vacinar ou o registo de "todos os procedimentos".
"Eu quero crer, e estou convencido, que iremos fazer uma vacinação de uma forma muito tranquila", disse.
Cabo Verde será um dos primeiros países africanos a receber vacinas contra a covid-19 através da plataforma internacional Covax, anunciou esta semana a Organização das Nações Unidas (ONU).
Dentro do grupo prioritário de vacinação que vai cobrir 20% da população, o plano estima vacinar este ano 4.272 profissionais de saúde, 24.500 doentes crónicos (hipertensão arterial e diabetes), 40.000 idosos (com 60 ou mais anos), 11.280 profissionais hoteleiros ou ligados ao turismo, 1.500 profissionais dos pontos de entrada internacionais, 20.000 professores e de apoio ao funcionamento das escolas, 7.000 agentes da Polícia Nacional, 2.500 militares e 320 elementos do Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros.
"A vacina será gratuita para todas as pessoas que serão contempladas, conforme a política de vacinação de Cabo Verde", define o documento, que também define uma margem de 20% de doses perdidas da vacina.
"É apenas uma margem de segurança. Não é um valor absoluto", explicou Arlindo do Rosário, sublinhando tratar-se de uma estimativa semelhante aos processos de aquisição de outras vacinas.