TAP. Sindicatos arrasam plano de reestruturação da transportadora aérea

por Joana Raposo Santos - RTP
O plano de reestruturação terá de ser apresentado pelo Governo em Bruxelas no prazo de duas semanas. Rafael Marchante - Reuters

Os sindicatos da aviação reagiram negativamente ao plano de reestruturação da TAP, que prevê o despedimento de dois mil trabalhadores e cortes salariais na ordem dos 20 por cento. Para os sindicalistas, as medidas vêm agravar ainda mais a situação daquele que tem sido um dos grupos mais afetados pelas consequências económicas da pandemia de Covid-19. A empresa reúne esta sexta-feira com os sindicatos e deverá anunciar a suspensão do regime de lay-off.

O Sindicato do Pessoal de Voo da Aviação Civil foi um dos que arrasou com a estratégia prevista no plano de reestruturação da TAP. O presidente do sindicato promete contestar as medidas e lembra que, devido ao lay-off na empresa, os ordenados já estão cortados desde março.

Desde então, segundo Henrique Louro Martins, saíram da transportadora cerca de mil trabalhadores.

“Em relação às reduções salariais, temos sido o grupo mais atingido”, lamentou o sindicalista à Antena 1. “Os tripulantes já perderam cerca de cinco salários este ano, já perderam [o emprego] mais de mil tripulantes de cabine”.

“Não sei onde é que a TAP quer chegar, porque reduzidos já os salários estão. Desde março que a TAP não vem fazendo outra coisa senão a redução destes salários”, declarou Henrique Louro Martins.

“Vamos ver o que têm para nos dizer. Não podem é contar com grande colaboração do sindicato para reduzir salários nem para despedimentos, obviamente”.

À posição crítica desde sindicato junta-se a do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA), que também não admite quaisquer despedimentos na TAP e pretende contestá-los, caso venham realmente a acontecer.

O secretário-geral do SITAVA, José Sousa, mostrou-se indignado com o facto de o documento com a reestruturação ter sido tornado público antes de qualquer negociação entre a TAP e os sindicatos.

“Ninguém nos comunicou e não acreditamos que os responsáveis que têm compromissos connosco nos tivessem rompido de uma forma tão grosseira que tivessem colocado na comunicação social o resultado daquilo que ainda não negociámos”, criticou em declarações à Antena 1.

“Não toleraremos a diminuição de postos de trabalho de forma cega e violenta além daqueles que, por força da caducidade dos contratos, têm acontecido”, esclareceu.

Para a tarde desta sexta-feira está prevista uma reunião entre a administração da empresa e os sindicatos. Haverá ainda um encontro com a comissão de trabalhadores.

O Jornal Económico avançou entretanto que, na reunião com os sindicatos, a TAP irá transmitir a intenção de suspender o regime de lay-off que neste momento abrange cerca de nove mil dos seus trabalhadores.

O plano de reestruturação da companhia aérea portuguesa, divulgado pela comunicação social, dá conta da dispensa de dois mil funcionários, do corte de 20 por cento nos ordenados dos restantes trabalhadores e da venda de 20 aviões.

A TAP terá também pedido autorização do Governo para mexer nos acordos de empresa.

São mudanças profundas na transportadora para enfrentar a pior conjuntura de sempre para a aviação, trazida pela pandemia do novo coronavírus. Só este ano, a TAP deverá registar mil milhões de euros em prejuízos.

O plano de reestruturação terá de ser apresentado pelo Governo em Bruxelas no prazo de duas semanas.
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