Hong Kong, que registou o primeiro caso de infeção pelo novo coronavírus a 24 de janeiro, começou a levantar as restrições no final de fevereiro, quando foi atingido por uma segunda vaga de Covid-19. No entanto, nas últimas duas semanas o território não registou nenhum caso de transmissão local.
Desde 20 de abril, Hong Kong registou 15 novos casos, todos eles em pessoas que tinham viajado recentemente.
Desde o início da pandemia – em dezembro-, foram confirmadas 1401 infeções, dos quais 901 recuperaram e receberam alta hospitalar. Há ainda o registo de quatro vítimas mortais.Em janeiro, quando o novo coronavírus chegou ao território, Hong Kong fechou as fronteiras e obrigou ao distanciamento social dos habitantes.
Esse período de três meses de trabalho em casa, encerramento de negócios e suspensão de serviços provocou um duro golpe na economia e à saúde mental dos cidadãos. Agora, com a segunda vaga quase contida, os habitantes estão ansiosos por retomar a vida pré-pandemia.
“Chegou a hora de relaxar, de suspender as restrições que colocamos nesse contacto social”, afirmou Carrie Lam, a líder do Executivo de Hong Kong, depois de ouvir a sociedade, avança a CNN.
No entanto, Lam e vários especialistas de saúde apela à população para não baixar a guarda muito cedo, como fez em fevereiro e recordam que o novo coronavírus continua a circular no resto do mundo, e que “é muito cedo para celebrar”.Segunda vaga contida em Hong Kong
Em fevereiro, quando Hong Kong entrou numa segunda vaga da pandemia, o pânico tomou conta da população, com multidões a esgotarem os stocks de papel higiénico, máscaras de proteção e gel desinfetante e vários supermercados ficaram com as prateleiras vazias.
Apesar disso o número de casos manteve-se relativamente baixo. No início de março, o território tinha 150 casos de Covid-19, apesar de partilhar a fronteira com a China continental, onde o SARS-Cov2 surgiu pela primeira vez em dezembro.
Quando o novo coronavírus ultrapassou as fronteiras da China e atingiu vários países, obrigando ao encerramento de universidades, vários estudantes regressaram a Hong Kong.
Na altura, o Executivo de Hong Kong proibiu que os não residentes entrassem no território e os viajantes de trânsito foram impedidos de circular no aeroporto.
Os novos casos diários caíram e a última transmissão local foi registada a 19 de abril.
Foram implementadas rigorosas medidas de quarentena e testes de despistagem a todas as pessoas que chegavam ao território, independentemente da sua origem. Os que estavam de quarentena receberam pulseiras eletrónicas para rastrear a localização.
Foi proibida a venda de álcool e todos os bares foram obrigados a fechar as portas. Muitos restaurantes e cafés foram encerrados e os que permaneceram abertos foram obrigados a reduzir a capacidade de lugares de forma a aumentar a distância entre os clientes, ou colocar barreiras físicas entre as mesas.
Muitas dessas medidas do Executivo de Carrie Lam foram vistas por alguns como pouco drásticas, porque as autoridades nunca ordenaram um bloqueio oficial ou a ordem de permanecer em casa. Regresso lento à normalidade
Na segunda-feira, os espaços recreativos e desportivos foram reabertos e os serviços para apoiar a comunidade mais vulnerável, deficientes ou idosos, foi retomada.
“Agora a prioridade imediata é reavivar a economia”, afirmou no passado sábado o secretário de Estado da Economia.
As escolas permanecem fechadas em todo o território, com os alunos a ter aulas pela internet - mas as autoridades estão a equacionar a possibilidade de reabrir os estabelecimentos de ensino nas últimas semanas do ano letivo, antes das férias de verão.
“Temos discutido com diretores e com as restantes partes do setor da educação e há consenso para que, se for possível, reabrirmos as escolas o mais rápido possível. Mesmo que seja apenas por um dois meses”, anunciou o responsável pela Educação de Hong Kong.
O levantamento progressivo de algumas restrições foi aplaudido pela população. Mas os especialistas em saúde apelam aos moradores para não enfraquecerem os cuidados.
“É muito cedo para dizer que as transmissões locais terminaram”, afirmou, à CNN, o médico Chuang ShuK-Kwan do centro de Proteção à Saúde.
“Como o período de incubação é de 14 dias, as autoridades necessitam de ter dois períodos completos de incubação – 28 dias- sem novas infeções para declarar o fim das transmissões locais”, acrescentou.
O receio do regresso aos protestos
Antes da pandemia de Covid-19, Hong Kong viveu seis meses de protestos violentos contra o Executivo de Carrie Lam.
As manifestações pró-democracia foram marcadas por vários confrontos entre os manifestantes e pela polícia.
Começaram a surgir sinais de que os manifestantes se estão a preparar para regressar às ruas.
Nas últimas duas semanas, foram registados alguns protestos e as autoridades estão a preparar-se para eventuais confrontos.
Carrie Lam já mostrou preocupação com o regresso dos protestos.