Especialistas e o Governo voltaram a reunir-se, esta segunda-feira, no Infarmed, para avaliar a situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal. Já se regista uma "descida muito significativa e expressiva da incidência" nos últimos 14 dias no país e especialista apontaram que imundade de grupo pode ser atingida em agosto.
Na reunião que juntou epidemiologistas, especialistas em saúde pública e dirigentes políticos na sede do Infarmed, em Lisboa, e começando por fazer uma contextualização da situação epidemiológica em Portugal nos últimos 14 dias, André Peralta Santos afirmou que "houve uma consolidação da tendência de descida" de novos casos e "uma descida significativa e expressiva da incidência".
"Estamos, ao dia 20, com uma incidência de 322 casos por 100 mil habitantes", afirmou Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde. "E ainda com uma variação semanal de descida bastante acentuada".
Embora a incidência cumulativa a 14 dias por 100 mil habitantes tenha descido, "há zonas do território ainda com incidências relativamente altas", principalmente na região de Lisboa e Vale do Tejo, no Centro e no Alentejo.
"Há já só alguns municípios com incidência superior a 960", confirmou ainda o especialista, acrescentando que "já há vastas faixas do território com uma incidência inferior a 240 casos por 100 mil habitantes".
Em termos etários, André Peralta Santos notou que se mantém "a tendência de descida de todos os grupos etários", sendo que a faixa da população com 80 ou mais anos é ainda "o grupo com maior incidência neste momento", apesar de ser "mais reduzida e com níveis de incidência ao nível de novembro".
Quanto às hospitalizações e hospitalizações em Unidades de Cuidados Intensivos, o especialista da DGS revelou que se verifica "uma consolidação da descida".
"Estamos, ao nível de cuidados intensivos, em valores equivalentes aos de a meio do mês de janeiro", esclareceu. "E, ao nível de internamentos equivalentes aos valores do início de janeiro".
Também no que diz respeito à mortalidade, André Peralta Santos confirmou que se tem verificado uma descida, "com uma variação semanal de menos 37 por cento". Neste momento, os valores da mortalidade no país são semelhantes aos de meados do mês de janeiro.
André Peralta Santos exibiu ainda um quadro com os números da dispersão geográfica da variante do SARS-CoV-2 identificada no Reino Unido, apresentando estimativas distintas de prevalência nas diferentes regiões: Norte, com 34,2 por cento; Centro, com 32,2 por cento; Lisboa e Vale do Tejo, com 56,6 por cento; Alentejo, com 67,6 por cento; e Algarve, com 40 por cento, embora se registassem igualmente diversos intervalos de confiança para estas projeções.
Quanto às hospitalizações e hospitalizações em Unidades de Cuidados Intensivos, o especialista da DGS revelou que se verifica "uma consolidação da descida".
"Estamos, ao nível de cuidados intensivos, em valores equivalentes aos de a meio do mês de janeiro", esclareceu. "E, ao nível de internamentos equivalentes aos valores do início de janeiro".
Também no que diz respeito à mortalidade, André Peralta Santos confirmou que se tem verificado uma descida, "com uma variação semanal de menos 37 por cento". Neste momento, os valores da mortalidade no país são semelhantes aos de meados do mês de janeiro.
André Peralta Santos exibiu ainda um quadro com os números da dispersão geográfica da variante do SARS-CoV-2 identificada no Reino Unido, apresentando estimativas distintas de prevalência nas diferentes regiões: Norte, com 34,2 por cento; Centro, com 32,2 por cento; Lisboa e Vale do Tejo, com 56,6 por cento; Alentejo, com 67,6 por cento; e Algarve, com 40 por cento, embora se registassem igualmente diversos intervalos de confiança para estas projeções.
Portugal apresenta valor do R mais baixo da Europa
O epidemiologista do Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, Baltazar Nunes, apresentou na reunião do Infarmed a evolução da incidência e transmissibilidade do vírus em Portugal e na Europa.
De acordo com o epidemiologista, a estimativa para o R é de 0,67 nos últimos cinco dias analisados até 17 de fevereiro.
"Este valor é o valor mais baixo que estimamos desde o início da pandemia", confirmou Baltazar Nunes, acrescentando: "Verificamos também que o valor do R encontra-se abaixo de 1 em todas as regiões do continente e regiões autónomas e que, nos últimos cinco dias, tem-se observado uma estabilização do valor do R em trono de 0,66 e 0,68".
Isto é, esclareceu o especialista, "houve uma descida muito acentuada da transmissibilidade a partir de meados do mês de janeiro e essa descida estabilizou agora nos últimos dias".
Pode, no entanto, haver uma "tendência de crescer, mas muito lenta, por enquanto".
Avaliando as medidas implementadas para combater a Covid-19, Baltazar Nunes confirmou que houve um "decréscimo de incidência" com o primeiro pacote de medidas. No entanto, "a intensidade dessa redução foi diferente nas várias regiões".
O mesmo não aconteceu com "o segundo pacote de medidas" e o encerramento das escolas em que, explicou o epidemiologista, se observa "maior homogeneidade do efeito".
"A redução foi mais acentuada e teve menor heterogeneidade entre as regiões variando entre cerca de menos de 8,3 em Lisboa e Vale do Tejo e 9,2 por cento no Algarve e no Norte".
O epidemiologista relembrou ainda que, no período imediatamente antes da aplicação das medidas, "houve uma variação no crescimento".
Analisando a situação epidemiológica de Portugal, comparativamente aos outros países da Europa, Baltazar Nunes afirmou que o país apresenta, neste momento, o valor do R mais baixo da Europa.
Segundo o epidemiologista, se Portugal continuar a descer este valor é "possível continuar a descer a uma velocidade acentuada"
Portugal só terá menos de 200 internados em UCI no final de março
Baltazar Nunes estimou ainda que o número de doentes com covid-19 internados em cuidados intensivos possa estar abaixo dos 300 em meados de março e abaixo dos 200 no final do mês.
O investigador do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) ressalvou, no entanto, que estas projeções têm muitas condicionantes.
"Nada do que se projeta está adquirido, vai depender de conseguirmos manter a atual tendência de decréscimo de novos casos e esta tendência depende das medidas atualmente implementadas, da sua adoção pela população assim como dos comportamentos preventivos da população e do controlo da transmissão das novas variantes do SARS-CoV-2 que ainda representam são muito prevalentes a população", afirmou.
Contudo, as projeções estão de acordo com os cenários apresentados na última reunião em que foi projetado que "a taxa de incidência possa estar abaixo de 120 no início de março, abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes na segunda quinzena de março".
Baltazar Nunes salientou, contudo, que "nada está garantido" e que a evolução vai depender da adesão às medidas e comportamentos.
"Atualmente Portugal é dos países com medidas mais restritivas", salientou, considerando que esta tendência depende das medidas atualmente implementadas e do controlo das novas variantes.
Confinamento travou crescimento exponencial da variante do Reino Unido
João Paulo Gomes, especialista do Instituto Ricardo Jorge, fez a atualização sobre a situação das variantes genéticas do coronavírus em Portugal, na reunião do Infarmed.
O especialista começou por abordar a variante britânica, uma vez que é a que tem tido "muito maior expressão no nosso país".
"Esta variante do Reino Unido, já verificada em 87 países, tem uma expressão máxima em Inglaterra", explicou. Mas em Portugal já estamos numa situação de estabilização após "um crescimento exponencial acentuado".
"Desde 1 de dezembro, a Unilabs já detetou mais de 10 mil casos provocados pela variante do Reino Unido, num total de cerca de 53 mil casos", continuou o especialista. "Podemos estimar que, desde 1 de dezembro até ao dia de ontem, terão ocorrido já cerca de 150 mil casos de Covid-19 em Portugal causados pela variante do Reino Unido".
Em Portugal a estimativa era que a esta altura a variante representasse 65 por cento dos casos, o que não aconteceu "graças ao confinamento que estamos a viver", disse João Paulo Gomes. Atualmente, a estimativa é de que a variante represente 48 por cento dos casos no país.
O investigador considerou que seria expectável que o crescimento exponencial continuasse, o que não se tem verificado, estando-se num planalto. Para João Paulo Gomes, o confinamento "muito rígido" que o país está a viver, pode ser a explicação ao ter bloqueado cadeias de transmissão.
"Em janeiro fizemos uma projeção a três semanas que indicava que na semana seis – a semana passada – cerca de 65 por cento dos novos casos fossem provocados por esta variante. Tal não aconteceu graças ao confinamento. Os dados indicam que temos cerca de 48 por cento dos novos casos provocados por esta variante e sem uma tendência crescente", afirmou o especialista do INSA, notando que no Reino Unido já se estima uma prevalência desta variante superior a 90 por cento.
No entanto, o investigador do INSA alertou que com o futuro desconfinamento será expectável uma recuperação do ritmo de crescimento de infeções por esta variante, por ser mais transmissível.
De acordo com o epidemiologista, a estimativa para o R é de 0,67 nos últimos cinco dias analisados até 17 de fevereiro.
"Este valor é o valor mais baixo que estimamos desde o início da pandemia", confirmou Baltazar Nunes, acrescentando: "Verificamos também que o valor do R encontra-se abaixo de 1 em todas as regiões do continente e regiões autónomas e que, nos últimos cinco dias, tem-se observado uma estabilização do valor do R em trono de 0,66 e 0,68".
Isto é, esclareceu o especialista, "houve uma descida muito acentuada da transmissibilidade a partir de meados do mês de janeiro e essa descida estabilizou agora nos últimos dias".
Pode, no entanto, haver uma "tendência de crescer, mas muito lenta, por enquanto".
Avaliando as medidas implementadas para combater a Covid-19, Baltazar Nunes confirmou que houve um "decréscimo de incidência" com o primeiro pacote de medidas. No entanto, "a intensidade dessa redução foi diferente nas várias regiões".
O mesmo não aconteceu com "o segundo pacote de medidas" e o encerramento das escolas em que, explicou o epidemiologista, se observa "maior homogeneidade do efeito".
"A redução foi mais acentuada e teve menor heterogeneidade entre as regiões variando entre cerca de menos de 8,3 em Lisboa e Vale do Tejo e 9,2 por cento no Algarve e no Norte".
O epidemiologista relembrou ainda que, no período imediatamente antes da aplicação das medidas, "houve uma variação no crescimento".
Analisando a situação epidemiológica de Portugal, comparativamente aos outros países da Europa, Baltazar Nunes afirmou que o país apresenta, neste momento, o valor do R mais baixo da Europa.
Segundo o epidemiologista, se Portugal continuar a descer este valor é "possível continuar a descer a uma velocidade acentuada"
Portugal só terá menos de 200 internados em UCI no final de março
Baltazar Nunes estimou ainda que o número de doentes com covid-19 internados em cuidados intensivos possa estar abaixo dos 300 em meados de março e abaixo dos 200 no final do mês.
O investigador do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) ressalvou, no entanto, que estas projeções têm muitas condicionantes.
"Nada do que se projeta está adquirido, vai depender de conseguirmos manter a atual tendência de decréscimo de novos casos e esta tendência depende das medidas atualmente implementadas, da sua adoção pela população assim como dos comportamentos preventivos da população e do controlo da transmissão das novas variantes do SARS-CoV-2 que ainda representam são muito prevalentes a população", afirmou.
Contudo, as projeções estão de acordo com os cenários apresentados na última reunião em que foi projetado que "a taxa de incidência possa estar abaixo de 120 no início de março, abaixo dos 60 casos por 100 mil habitantes na segunda quinzena de março".
Baltazar Nunes salientou, contudo, que "nada está garantido" e que a evolução vai depender da adesão às medidas e comportamentos.
"Atualmente Portugal é dos países com medidas mais restritivas", salientou, considerando que esta tendência depende das medidas atualmente implementadas e do controlo das novas variantes.
Confinamento travou crescimento exponencial da variante do Reino Unido
João Paulo Gomes, especialista do Instituto Ricardo Jorge, fez a atualização sobre a situação das variantes genéticas do coronavírus em Portugal, na reunião do Infarmed.
O especialista começou por abordar a variante britânica, uma vez que é a que tem tido "muito maior expressão no nosso país".
"Esta variante do Reino Unido, já verificada em 87 países, tem uma expressão máxima em Inglaterra", explicou. Mas em Portugal já estamos numa situação de estabilização após "um crescimento exponencial acentuado".
"Desde 1 de dezembro, a Unilabs já detetou mais de 10 mil casos provocados pela variante do Reino Unido, num total de cerca de 53 mil casos", continuou o especialista. "Podemos estimar que, desde 1 de dezembro até ao dia de ontem, terão ocorrido já cerca de 150 mil casos de Covid-19 em Portugal causados pela variante do Reino Unido".
Em Portugal a estimativa era que a esta altura a variante representasse 65 por cento dos casos, o que não aconteceu "graças ao confinamento que estamos a viver", disse João Paulo Gomes. Atualmente, a estimativa é de que a variante represente 48 por cento dos casos no país.
O investigador considerou que seria expectável que o crescimento exponencial continuasse, o que não se tem verificado, estando-se num planalto. Para João Paulo Gomes, o confinamento "muito rígido" que o país está a viver, pode ser a explicação ao ter bloqueado cadeias de transmissão.
"Em janeiro fizemos uma projeção a três semanas que indicava que na semana seis – a semana passada – cerca de 65 por cento dos novos casos fossem provocados por esta variante. Tal não aconteceu graças ao confinamento. Os dados indicam que temos cerca de 48 por cento dos novos casos provocados por esta variante e sem uma tendência crescente", afirmou o especialista do INSA, notando que no Reino Unido já se estima uma prevalência desta variante superior a 90 por cento.
No entanto, o investigador do INSA alertou que com o futuro desconfinamento será expectável uma recuperação do ritmo de crescimento de infeções por esta variante, por ser mais transmissível.
"Bloqueando os processos de transmissão secundária, uma variante mais transmissível terá perdido essa vantagem face às outras e isso pode explicar a ausência de crescimento. Quando desconfinarmos, ela vai continuar cá e o normal é que possamos assistir a um novo crescimento exponencial. Há que estabelecer um equilíbrio entre o desconfinamento e a imunidade de grupo tão desejada, que será atingida com o processo de vacinação massiva, mas também pelos milhares de portugueses que já foram infetados", referiu.
Em relação às outras variantes, nomeadamente as variantes conhecidas como sul-africana e brasileira, o perito do INSA referiu que se mantêm os quatro casos em Portugal associados à mutação detetada na África do Sul e que foi anunciada no domingo a deteção de sete casos da variante do Brasil, habitualmente reportada à região de Manaus.
"Trata-se de casos recentes e esta informação foi passada imediatamente às autoridades de saúde. Apesar de se tratar de sete casos, não estamos a falar de sete introduções distintas; é uma única introdução, referimo-nos a dois ‘clusters’ familiares ligados entre si - uma mesma cadeia de transmissão. E isso é uma boa notícia", salientou.
João Paulo Gomes revelou ainda que o INSA está a avançar com um novo rastreio massivo de sequenciação e que está a ser reforçada a capacidade instalada a este nível, com a extensão ao consórcio Genome PT. Paralelamente, indicou uma "modificação da estratégia", que passa pelo envio semanal e não mensal de amostras de casos positivos, que serão sujeitos a uma nova testagem com sondas para mutações específicas.
Seria necessário mais 448 médicos e 2173 enfermeiros para manter camas atuais dos cuidados intensivos
João Gouveia, coordenador da comissão de acompanhamento da resposta em medicina intensiva, traçou o retrato dos hospitais e recordou que Portugal era o país da Uniã Europeia com menor capacidade de medicina intensiva no início da pandemia.
A resposta escalou mas o médico sublinhou que é impossível manter a situação de pressão a que se chegou no pico desta terceira vaga de covid-19, que implicou parar atividade cirúrgica a outros doentes.
Os hospitais chegaram a ter mais de 1400 camas de cuidados intensivos abertas e são atualmente 1339, das quais mais de 600 com doentes infetados, lembrou.
Para assegurar este nível de resposta sem penalizar outros doentes, o médico esclareceu que eram precisos mais 448 médicos e mais 2173 enfermeiros. Assim, aponta como limite 913 camas de cuidados intensivos a funcionar nos hospitais, 285 para doentes com covid-19 e 629 camas para outros doentes, que era a capacidade inicial do SNS no início do ano passado.
"Tendo em conta que em medicina intensiva não gostamos de ter mais de 85 por cento de ocupação para podermos garantir resposta a todas as situações, precisamos de ter no máximo 242 doentes com covid-19", apontou.
Num retrato da atual situação de cuidados intensivos, que reportava a 20 de fevereiro 638 doentes covid, e a apresentação do cenário ideal de resposta a este nível num "novo normal", que aponta para 285 camas de medicina intensiva dedicadas à covid-19 e 629 camas para a atividade não covid, num total de 914 camas, o especialista sublinhou que a capacidade atual "não pode ser mantida" e que só foi possível devido ao "esforço dos profissionais, à mobilização de espaços e à dotação de pessoal de outras atividades".
"A situação da medicina intensiva em Portugal é ainda muito frágil, temos uma situação atual que não é real, é enganadora. É necessário completar obras em curso e assegurar recursos humanos", reiterou João Gouveia.
"Como podemos lá chegar? Temos de acreditar que certos pressupostos se vão cumprir: que tenhamos uma incidência corrigida de 240 a 480 casos por 100 mil habitantes, um índice de transmissibilidade (Rt) inferior a 0,7, uma taxa de positividade entre 7 e 8 por cento e cerca de 1500 internamentos", acrescentou o membro do grupo coordenador da resposta em medicina intensiva.
Contudo, João Gouveia alertou que se a evolução da pandemia não for favorável, então "todos os hospitais têm de ter planos de recuperação de nível" e que essa reorientação de meios tem de surgir antes de se gerar uma situação de alarme nos cuidados intensivos, devendo ser coordenada a nível nacional e regional e alvo de uma avaliação semanal.
"Não podemos esperar que seja a medicina intensiva a dar o sinal que as coisas estão mal. Esta informação é tardia, somos os últimos a sofrer as consequências, mas também os últimos a sair delas", concluiu.
Portugal pode atingir imunidade de grupo em agosto
O vice-almirante Gouveia e Melo, coordenador da taskforce de vacinação contra a covid-19, antecipou hoje um possível aumento do ritmo de inoculações para 100 mil por dia e sublinhou que a imunidade de grupo pode ser alcançada em agosto.
Ao fazer um ponto de situação do Plano de Vacinação na reunião de Infarmed. Começando a indicar os valores de vacinas disponíveis, o vice-almirante afirmou que a disponibilidade melhorou. No entanto, a primeira fase de vacinação está atrasada e vai superar o primeiro semestre, contrariamente ao que esta previsto.
Desta forma, também a previsão para atingir a imunidade de grupo pode vir a ser alterada.
"Pode passar do fim do verão para meados de agosto ou o início de agosto", disse Gouveia e Melo.
"Há uma expectativa mais positiva relativamente ao segundo trimestre e muito mais positiva relativamente ao terceiro e quarto trimestres. Se estas expectativas de disponibilidades de vacinas se mantiverem e materializarem num futuro próximo, o período em que se pode atingir a imunidade de grupo - 70 por cento - pode eventualmente reduzir-se relativamente ao fim do verão para passar para meados do verão, em volta de meados ou início de agosto", referiu.
O vice-almirante reforçou também a necessidade de recorrer a outros meios para a administração de vacinas além dos centros de saúde, algo que já havia defendido anteriormente, como a possível extensão do processo às farmácias.
"Vai haver uma concentração de vacinas já no segundo trimestre suficiente para aumentar a velocidade de vacinação para cerca de 100 mil vacinas por dia, o que fará com que se tenha de pensar em modelos alternativos aos centros de saúde nos cuidados primários para que este processo de vacinação corra sem problemas nas inoculações", garantiu.
Gouveia e Melo foi mais longe e reiterou que com o desaparecimento do estrangulamento de disponibilidade de vacinas nesta primeira fase, a "administração de vacinas precisa de estar robusta e suficientemente apta para acompanhar" o ritmo preconizado de 100 mil inoculações diárias no país para a segunda e terceira fases.
O responsável pelo processo referiu que o país já recebeu quase um milhão de vacinas contra a covid-19 desde o final de dezembro e que já foram administradas cerca de 680 mil, sendo que para esta semana estão previstas mais 230 mil inoculações.
"Mostra uma execução muito elevada. Já temos sete por cada 100 habitantes com uma inoculação pelo menos; 4,5 por cento da população com a primeira dose e 2,7 por cento com a segunda dose. O plano de vacinação está a correr bem, face às disponibilidades que existem", sentenciou.
João Gouveia, coordenador da comissão de acompanhamento da resposta em medicina intensiva, traçou o retrato dos hospitais e recordou que Portugal era o país da Uniã Europeia com menor capacidade de medicina intensiva no início da pandemia.
A resposta escalou mas o médico sublinhou que é impossível manter a situação de pressão a que se chegou no pico desta terceira vaga de covid-19, que implicou parar atividade cirúrgica a outros doentes.
Os hospitais chegaram a ter mais de 1400 camas de cuidados intensivos abertas e são atualmente 1339, das quais mais de 600 com doentes infetados, lembrou.
Para assegurar este nível de resposta sem penalizar outros doentes, o médico esclareceu que eram precisos mais 448 médicos e mais 2173 enfermeiros. Assim, aponta como limite 913 camas de cuidados intensivos a funcionar nos hospitais, 285 para doentes com covid-19 e 629 camas para outros doentes, que era a capacidade inicial do SNS no início do ano passado.
"Tendo em conta que em medicina intensiva não gostamos de ter mais de 85 por cento de ocupação para podermos garantir resposta a todas as situações, precisamos de ter no máximo 242 doentes com covid-19", apontou.
Num retrato da atual situação de cuidados intensivos, que reportava a 20 de fevereiro 638 doentes covid, e a apresentação do cenário ideal de resposta a este nível num "novo normal", que aponta para 285 camas de medicina intensiva dedicadas à covid-19 e 629 camas para a atividade não covid, num total de 914 camas, o especialista sublinhou que a capacidade atual "não pode ser mantida" e que só foi possível devido ao "esforço dos profissionais, à mobilização de espaços e à dotação de pessoal de outras atividades".
"A situação da medicina intensiva em Portugal é ainda muito frágil, temos uma situação atual que não é real, é enganadora. É necessário completar obras em curso e assegurar recursos humanos", reiterou João Gouveia.
"Como podemos lá chegar? Temos de acreditar que certos pressupostos se vão cumprir: que tenhamos uma incidência corrigida de 240 a 480 casos por 100 mil habitantes, um índice de transmissibilidade (Rt) inferior a 0,7, uma taxa de positividade entre 7 e 8 por cento e cerca de 1500 internamentos", acrescentou o membro do grupo coordenador da resposta em medicina intensiva.
Contudo, João Gouveia alertou que se a evolução da pandemia não for favorável, então "todos os hospitais têm de ter planos de recuperação de nível" e que essa reorientação de meios tem de surgir antes de se gerar uma situação de alarme nos cuidados intensivos, devendo ser coordenada a nível nacional e regional e alvo de uma avaliação semanal.
"Não podemos esperar que seja a medicina intensiva a dar o sinal que as coisas estão mal. Esta informação é tardia, somos os últimos a sofrer as consequências, mas também os últimos a sair delas", concluiu.
Portugal pode atingir imunidade de grupo em agosto
O vice-almirante Gouveia e Melo, coordenador da taskforce de vacinação contra a covid-19, antecipou hoje um possível aumento do ritmo de inoculações para 100 mil por dia e sublinhou que a imunidade de grupo pode ser alcançada em agosto.
Ao fazer um ponto de situação do Plano de Vacinação na reunião de Infarmed. Começando a indicar os valores de vacinas disponíveis, o vice-almirante afirmou que a disponibilidade melhorou. No entanto, a primeira fase de vacinação está atrasada e vai superar o primeiro semestre, contrariamente ao que esta previsto.
Desta forma, também a previsão para atingir a imunidade de grupo pode vir a ser alterada.
"Pode passar do fim do verão para meados de agosto ou o início de agosto", disse Gouveia e Melo.
"Há uma expectativa mais positiva relativamente ao segundo trimestre e muito mais positiva relativamente ao terceiro e quarto trimestres. Se estas expectativas de disponibilidades de vacinas se mantiverem e materializarem num futuro próximo, o período em que se pode atingir a imunidade de grupo - 70 por cento - pode eventualmente reduzir-se relativamente ao fim do verão para passar para meados do verão, em volta de meados ou início de agosto", referiu.
O vice-almirante reforçou também a necessidade de recorrer a outros meios para a administração de vacinas além dos centros de saúde, algo que já havia defendido anteriormente, como a possível extensão do processo às farmácias.
"Vai haver uma concentração de vacinas já no segundo trimestre suficiente para aumentar a velocidade de vacinação para cerca de 100 mil vacinas por dia, o que fará com que se tenha de pensar em modelos alternativos aos centros de saúde nos cuidados primários para que este processo de vacinação corra sem problemas nas inoculações", garantiu.
Gouveia e Melo foi mais longe e reiterou que com o desaparecimento do estrangulamento de disponibilidade de vacinas nesta primeira fase, a "administração de vacinas precisa de estar robusta e suficientemente apta para acompanhar" o ritmo preconizado de 100 mil inoculações diárias no país para a segunda e terceira fases.
O responsável pelo processo referiu que o país já recebeu quase um milhão de vacinas contra a covid-19 desde o final de dezembro e que já foram administradas cerca de 680 mil, sendo que para esta semana estão previstas mais 230 mil inoculações.
"Mostra uma execução muito elevada. Já temos sete por cada 100 habitantes com uma inoculação pelo menos; 4,5 por cento da população com a primeira dose e 2,7 por cento com a segunda dose. O plano de vacinação está a correr bem, face às disponibilidades que existem", sentenciou.