Um relatório da Organização Não-governamental B'Tselem revela que, desde que começou o surto da Covid-19, aumentaram os ataques a palestinianos na Cisjordânia.
Segundo o relatório, mais de uma dezena desses ataques ocorreu no mês passado, depois de o Ministério da Saúde israelita ter imposto restrições em todo o país, devido à pandemia da Covid-19.
"Desde o início da crise do coronavírus, os israelitas intensificaram os ataques contra os palestinianos em toda a Cisjordânia, com total apoio do Estado", lê-se na publicação.
"Os ataques aumentaram apesar das restrições de deslocação, os bloqueios e as medidas de distanciamento social introduzidas para combater a pandemia".
De acordo com a organização, os colonos israelitas "agrediram os palestinianos fisicamente com paus, machados, armas, pedras e cães, causando, em alguns casos, ferimentos graves" e ainda "atacaram casas, incendiaram carros, vandalizaram oliveiras e outras culturas".
A organização acusa os colonos de se aproveitarem das medidas impostas no combate à Covid-19 para atacarem várias zonas da Cisjordânia e, de alguma forma, as ocuparem.
Entre os diversos atos relatados pela organização, a B'Tselem acusa os israelitas de "assediarem os pastores palestinianos quase diariamente no Vale do Jordão" e de levarem a pastar o "gado e ovelhas nos campos cultivados pelos palestinianos, principalmente no vale do Jordão, diariamente".
Os israelitas terão ainda "expulsado violentamente os agricultores e pastores palestinianos das pastagens, impedindo o acesso a terras agrícolas e culturas danificadas".
Acusando o Estado israelita de envolvimento nos ataques, a organização afirma ainda que estes "fazem parte de uma estratégia conjunta da população e das autoridades israelitas de bloquear o acesso dos palestinianos à terra - um hectare, um campo, um terreno fértil, um bosque ou pasto de cada vez - por décadas a fio e assumir o controlo efetivo destas".
"O apoio total do Estado a esta violência é evidente nas ações das forças de segurança israelitas no local", acrescenta ainda o documento.
Embora a violência tenha aumentado com o surgimento da pandemia e das restrições, para a organização isto "faz parte da estratégia de Israel de incentivar a expropriação de palestinianos de áreas em crescimento em toda a Cisjordânia, abrindo caminho para o Estado assumir mais terras e recursos".