O diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), John Nkengasong, defendeu hoje numa conferência de imprensa que "as máscaras são as melhores vacinas para o continente nesta fase".
"As vacinas não são uma solução mágica, vai demorar tempo até chegarem aos braços das pessoas, por isso as medidas de saúde pública têm de ser praticadas, os ajuntamentos têm de continuar a ser evitados, porque são oportunidades para transmitir o vírus, e precisamos que os governos continuem a apoiar a utilização de máscaras em locais públicos, porque as máscaras são as melhores vacinas para o continente africano nesta fase", disse o responsável.
Na intervenção final durante a conferência de imprensa realizada em formato virtual a partir de Adis Abeba, John Nkengasong defendeu também o poder das parcerias, dizendo que através destes acordos com várias instituições será possível atingir o objetivo de vacinar 60% da população africana até final de 2022.
"As parcerias são poderosas, vão permitir-nos chegar ao objetivo de ter 60% da população imunizada até final do próximo ano, e pelo menos 25% até dezembro", disse Nkengasong, salientando que "é preciso ousadia para atingir estes objetivos e não sermos obrigados a viver com este vírus para além de 2022 e 2023".
Antes, o representante especial da União Africana para o tema das vacinas, Strive Masiyiwa, já tinha defendido a disponibilização de metade das 500 milhões de doses que os Estados Unidos anunciaram que vão disponibilizar a nível mundial.
"Se os EUA enviarem 500 milhões, nós queremos 250 milhões de vacinas, o que significa 125 milhões de africanos vacinados", disse o responsável na conferência de imprensa, que contou também com a embaixadora norte-americana junto da União Africana, Jessye Lapenn, que respondeu que a divisão desta doação dos EUA não está ainda feita.
A questão das vacinas ocupou a maior parte das declarações do enviado especial da UA, que salientou que "o desafio é a disponibilidade das vacinas, não é a disponibilidade de dinheiro" e lembrou que já em novembro o continente tinha 2 mil milhões de dólares, cerca de 1,7 mil milhões de euros, disponíveis para comprar vacinas.
"A disponibilização dessa verba veio do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank), e é equivalente ao dinheiro que os EUA canalizaram para a Covax", a plataforma global de compra de vacinas, disse Strive Masiyiwa, que defendeu a produção de vacinas em solo africano.
"Produzam no continente africano, damos terras, oferecemos 100% da propriedade, o que quiserem, mas produzam no continente, até através de acordos de licenciamento como acontece na Índia, porque não queremos que aconteça o mesmo que na Índia, em que a produção é feita mas a exportação é proibida pelo Governo", afirmou, falando diretamente para as grandes farmacêuticas internacionais.
Na conferência de imprensa, Strive masiyiwa lembrou a meta mínima de vacinação de 60% da população, equivalente a 780 milhões de pessoas, e anunciou ainda que foi feito um acordo para a UNICEF começar a ser um dos distribuidores de vacinas nos países africanos.
África regista 159.719 mortes devido à covid-19, num total de 6.281.998 casos de infeção com o novo coronavírus desde o início da pandemia, de acordo com os últimos dados do África CDC.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.119.920 mortos em todo o mundo, entre mais de 191,3 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.