O Grupo Editorial LeYa anunciou hoje que foi suspenso o Prémio Literário LeYa, no valor de cem mil euros, devido às dificuldades colocadas pelo atual contexto de combate à pandemia da covid-19.
"A gravíssima crise que atravessamos põe seriamente em causa a atribuição este ano do Prémio LeYa", afirma o grupo em comunicado, enviado hoje à agência Lusa.
No mesmo comunicado, assinado pela direção do grupo LeYa, são referidas as "muitas dificuldades" que defronta "para recolher e selecionar em tempo útil os originais" enviados, "dado o encerramento temporário (por tempo indefinido) das instalações da empresa e o regime de teletrabalho adotado pela maioria dos colaboradores da Leya".
A LeYa refere ainda as dificuldades que enfrentam os Correios, "nomeadamente os Correios do Brasil, país de onde costumam vir quase metade dos originais concorrentes ao prémio, e que anunciaram que `não há como garantir o cumprimento do prazo de entrega dos envios internacionais`", lê-se no comunicado.
A LeYa salienta ainda que "o envio dos originais por via digital não pode ser aceite, porque daria a conhecer a identidade dos respetivos autores, o que violaria o espírito e a letra do regulamento deste prémio".
"Face a todas estas dificuldades, a administração da LeYa decidiu suspender o prémio por ela instituído até que voltem a estar reunidas as condições para a sua atribuição. Nessa ocasião serão naturalmente considerados os originais entretanto recebidos", remata a LeYa referindo que a "decisão obteve o parecer favorável do presidente do júri", o escritor Manuel Alegre.
O Prémio LeYa foi criado em 2008, procurando estimular a produção de obras inéditas de autores de Língua Portuguesa.
O brasileiro Murilo de Carvalho, com "O Rastro do Jaguar", foi o primeiro vencedor, em 2008, tendo sido distinguidos, desde então, seis autores portugueses, dois brasileiros e um moçambicano, João Paulo Borges Coelho, em 2009, com "O Olho de Hertzog".
No ano passado, tal como em 2010 e 2016, dada "a falta de qualidade" dos originais enviados, o galardão não foi entregue.
"O Torto Arado", de Itamar Vieira Júnior, é o mais recente romance galardoado com o Prémio Leya, na edição de 2018.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 55 mil. Dos casos de infeção, cerca de 200 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com cerca de 574 mil infetados e mais de 40 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, 14.681 óbitos em 119.827 casos confirmados até hoje.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 246 mortes, mais 37 do que na véspera (+17,7%), e 9.886 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 852 em relação a quinta-feira (+9,4%).
Dos infetados, 1.058 estão internados, 245 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 68 doentes que já recuperaram.
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 02 de março, encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril, depois do prolongamento aprovado na quinta-feira na Assembleia da República.