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EUA aplicam primeira pena de morte desde início da pandemia

por Mário Aleixo - RTP
A execução deste cidadão de 64 anos foi a primeira em tempo de pandemia Jonathan Ernst - Reuters

O Estado norte-americano do Missouri executou por injeção letal um homem condenado por homicídio em 1991, a primeira execução de pena capital nos Estados Unidos desde o início da pandemia da Covid-19.

A última execução tinha sido no Alabama, no dia 5 de março.

Desde o início da pandemia, foram adiadas uma dezena de execuções de penas de morte nos estados do Ohio, Texas e Tennesse, por causa das medidas para combater a propagação do novo coronavírus.

Um tribunal do Texas justificou o adiamento das execuções pelo facto de estas reunirem demasiadas pessoas para poderem desenrolar-se sem risco de contaminação.Medidas de segurança reforçadas
Os serviços penitenciários do Missouri adotaram medidas de segurança reforçadas, com as testemunhas separadas em três divisões diferentes, com máscara de proteção, depois de submetidas a um controlo de temperatura e de terem recebido instruções para manterem a distância social em vigor, explicou uma porta-voz da prisão, Karen Pojmann, citada pela agência France Presse.

O homem executado na terça-feira, Walter Barton, de 64 anos, foi declarado morto às 00h10 desta quarta-feira em Lisboa, depois de receber uma injeção letal na prisão de Bonne Terre, perto de St Louis, informou o Departamento de Correções do Missouri.

As suas últimas palavras antes de lhe ser administrada a injeção letal foram para reafirmar a sua inocência: "Eu, Walter Arkie Barton, sou inocente, estão a executar um inocente", relataram testemunhas.
Críticas à execução
O homem recebeu o apoio da organização Innocence Project (Projeto Inocência), que reanalisa casos antigos em que considera que os réus foram injustamente condenados.

"É inaceitável que se tenha permitido proceder a esta execução sem uma revisão profunda da sua inocência", criticou a organização na sua conta na rede social Twitter.

A União Americana das Liberdades Cívicas (ACLU) também criticou a decisão de executar Walter Barton "em plena pandemia". "Não só o Estado pôs em perigo a saúde dos guardas, forçando-os a desafiar as recomendações de saúde pública, como recusou considerar novos elementos persuasivos sobre a inocência de Barton", lamentou a principal organização de direitos cívicos dos Estados Unidos.Historial da condenação
Barton foi condenado à morte pelo homicídio de Gladys Kuehler, uma mulher de 81 anos que geria um complexo de casas móveis em Ozark, no Missouri, onde vivia.

O caso remonta a 9 de outubro de 1991.

A mulher, encontrada semi-nua, foi vítima de violência sexual e tinha mais de 50 ferimentos provocados por arma branca.

As autoridades consideraram Barton suspeito, depois de encontrarem vestígios de sangue da vítima nas suas roupas, apesar de a defesa ter questionado as conclusões da acusação durante anos, assentes igualmente no testemunho de uma co-detida, também questionado pelos advogados de defesa.

Esta foi a primeira execução do ano no Missouri e a sexta nos Estados Unidos.

Desde que o Supremo Tribunal de Justiça dos Estados Unidos reinstituiu a pena de morte, em 1976, foram executadas 1.518 pessoas, 90 só no Missouri.
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