Os ginásios estão prontos para retomar a atividade e com capacidade para em 2 ou 3 dias introduzir todas as alterações necessárias que permitam a reabertura. A garantia é dada por José Carlos Reis, presidente da AGAP, Associação de Ginásios e Academias de Portugal.
Ainda assim há ginásios já com possíveis datas de reabertura marcadas que vão para além das datas prováveis previstas pelo Governo e que se estendem até ao início de junho. Uma lógica que esteve também subjacente ao encerramento, porque antes mesmo da ordem do governo já praticamente todos os ginásios tinham fechado. Isto significa, segundo o presidente da AGAP, que o mais importante é criar condições e dar segurança aos colaboradores e aos utentes para frequentarem o ginásio. “Tem de se ser flexível e abrir quando for possível”, refere.
Durante o estado de emergência ginásios e treinadores reinventaram-se para continuar a oferecer o exercício físico aos alunos, através das aulas online, uma opção que mesmo com a reabertura dos ginásios vai continuar porque as estruturas vão ter limites de ocupação. Por outro lado, João Rego considera que esta deve ser também “uma oportunidade para aumentar a oferta dos treinos com supervisão”.
Nas salas só pode existir um aluno por cada 4 m2 de área, respeitando assim a distância recomendada de afastamento de 2 m/pessoa, as aulas têm de ser reservadas previamente porque nalguns casos poderão estar presentes só duas pessoas, o sistema de controlo de acesso às instalações vai bloquear as entradas quando a capacidade máxima for atingida, nas salas de exercício (cardio-fitness e musculação) a limitação de frequência será determinada pelo número de utentes igual ao número de 50% dos equipamentos em utilização relativamente aos existentes antes do encerramento. Isto significa que 50% dos equipamentos podem ser vedados à utilização ou retirados da Sala. Cada aluno só pode permanecer no ginásio durante 1 hora.
Ora com estas e outras restrições quem é que ainda mantem a vontade de ir treinar?
José Carlos Reis acredita que vai ser preciso voltar a ganhar a confiança das pessoas. Ainda assim reconhece que a taxa de ocupação não vai permitir “faturar nem metade” do que estavam a faturar no início do ano. “Este é um ano para perder dinheiro e isso tem de ser assumido”. Um ano que qualifica como “difícil e doloroso”.
15 por cento cancelou inscrição
Em Portugal o sector dos clubes de fitness vale 300 milhões/ano. Em março a quebra de receita foi de 60 por cento e isto porque segundo José Carlos Reis, cerca de 90 por cento optou por cobrar uma parte da mensalidade aos seus clientes. Os cancelamentos de inscrições atingiram nalguns casos os 15 por cento.
Ainda assim ao nível das grandes cadeias assegura que os ginásios não pretendam fechar instalações. A mesma certeza já não tem relativamente aos pequenos espaços.
Em relação a modalidades praticadas nos clubes de fitness que obriguem a contacto corpo a corpo, o presidente da AGAP afirma que vão ser postas em prática as medidas que forem decididas pelas respetivas federações, em conformidade com o Governo e a Direção-Geral da Saúde. E dá como exemplo a natação e o judo.
Já quanto aos treinos outdoor envolvendo apenas duas pessoas (ou de futuro mais) João Rego adianta que desde o início do estado de emergência colocou a pergunta à Direção-Geral da Saúde e continua à espera de resposta.
Menos trabalho mais desemprego
Os clubes de fitness empregam 17 mil pessoas, sendo que cerca de 30 por cento dos colaboradores são trabalhadores independentes. João Rego reconhece que os ginásios “fizeram um esforço” para não colocar os trabalhadores desde logo em lay off. Já quanto à Segurança Social, lamenta todas as hesitações do Governo em relação aos trabalhadores independentes, o que fez com que muitos não recebessem nada em março.
João Rego chama ainda à atenção para a necessidade de equiparar os técnicos de exercício físico ao pessoal das atividades paramédicas, proposta já feita pela associação e que continua a aguardar luz verde do Governo. Lembra que se há um reconhecimento cada vez maior das vantagens do exercício físico para a saúde então essa equiparação deve ser feita.