A subvariante da Ómicron, denominada BA.2, é já a dominante em todo o mundo, estando na origem de surtos de covid-19 essencialmente em países europeus e asiáticos, aumentando também os níveis de alerta nos Estados Unidos. Os especialistas avisam que a imprevisibilidade da BA.2 é extremamente elevada e admitem dificuldades em decifrar os seus padrões.
Já Peter Hotez, especialista em desenvolvimento de vacinas, explicou que “parece estar a acontecer algo de diferente” com esta variante. Se, com as restantes estirpes, o aumento de casos de covid-19 é proporcional ao número de pessoas sintomáticas, com a BA.2 isso mudou.
“A BA.2 está a aumentar em todo o lado a nível da percentagem de vírus isolado” nos testes de diagnóstico, referiu o especialista. “No entanto, isto traduz-se em muitos cenários diferentes no que diz respeito ao aumento de casos”, com grupos de pessoas assintomáticas e outras com sintomas, elucidou.
Outro sinal da imprevisibilidade desta estirpe é o facto de se ter tornado mais contagiosa na Áustria, país com apenas 8.9 milhões de habitantes e restrições pandémicas mais rígidas, do que na França ou no Reino Unido, com populações maiores e onde os níveis de vacinação são igualmente elevados.
“Não consigo observar consistência entre países”, observou o professor de doenças infeciosas John Swartzberg ao Daily Beast.
BA.2 representa 86% dos casos mundiais de covid-19
A subvariante BA.2 representa já cerca de 86 por cento de todos os casos de covid-19 registados a nível global, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). É também mais transmissível do que as outras variantes descendentes da Ómicron, nomeadamente a BA.1 e BA.1.1.
Não há, no entanto, dados que sugiram que seja mais mortífera ou que aumente a probabilidade de doença grave.
Tal como aconteceu com as outras variantes da família Ómicron, também com a BA.2 as vacinas são menos eficazes. Um estudo britânico recente sugere, porém, que doses de reforço consigam restaurar os níveis de proteção.
A BA.1, descoberta no outono do ano passado, foi a responsável por números recorde de novas infeções por todo o mundo, chegando a ser considerada o vírus respiratório mais contagioso de sempre. Semanas depois, foi ultrapassado pela BA.2, que pode ser até 80 por cento mais transmissível.
O crescimento de casos da subvariante BA.2 tem sido associado a surtos na China, assim como a números recorde de casos em países europeus, entre os quais Alemanha ou Reino Unido.