Cerca de 60 milhões de empregos por toda a Europa poderão estar em risco devido à pandemia de Covid-19, de acordo com um estudo da consultora norte-americana McKinsey. Para que tal seja evitado, governos e empresas devem agir rapidamente.
A consultora prevê que um em cada quatro postos de trabalho na UE e no Reino Unido estejam em risco de sofrer reduções de horário, cortes salariais, licenças temporárias ou despedimentos.
As únicas profissões consideradas de “baixo risco” e que deverão estar seguras são aquelas em que não existe contacto direto com outros, como é o caso de contabilistas ou arquitetos, assim como as que prestam serviços essenciais à sociedade, caso dos polícias ou profissionais de saúde.
Já entre as profissões que a McKinsey considera de “alto risco” – e que empregam atualmente cerca de 55 milhões de pessoas em toda a Europa – estão lojistas, cozinheiros, trabalhadores da construção civil, funcionários de hotéis ou atores.
Cerca de 80 por cento dos empregos que poderão estar em perigo pertencem a trabalhadores que não frequentaram o ensino universitário, sendo que os funcionários de empresas mais pequenas estão em particular perigo.
Governos e empresas devem agir rapidamente
A consultora prevê ainda que, se a Europa não conseguir conter a pandemia dentro de três meses e for forçada a manter as medidas de distanciamento social durante o Verão que se aproxima, a taxa de desemprego na UE atinja os 11,2 por cento em 2021. Se tal acontecer, uma recuperação total apenas deverá acontecer em 2024.
Perante esta perspetiva, a McKinsey aconselha os governos e as empresas a agirem rapidamente de modo a salvaguardar os postos de trabalho. O relatório sugere que, enquanto os governos devem fornecer garantias de empréstimo, aliviar a carga fiscal e garantir os salários, as empresas devem reduzir custos, separar os trabalhadores em turnos e permitir o teletrabalho sempre que possível.
“É imperativo salvaguardar empregos em risco em empresas produtivas. Perder esses empregos não seria apenas uma tragédia a nível individual, seria também muito doloroso de uma perspetiva económica”, alerta a consultora. A União Europeia lançou um pacote de apoios que inclui até 100 mil milhões de euros em subsídios salariais destinados a prevenir despedimentos em massa.
Em Portugal, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) anunciou esta segunda-feira um aumento de nove por cento do desemprego em março face ao mês anterior, elevando para 343 mil o número total de desempregados no país.
Estimativas recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontaram para a hipótese de um aumento da taxa de desemprego para 14 por cento em Portugal este ano devido à crise pandémica, acompanhado por uma possível recessão de oito por cento.