Covid-19. Regresso ao confinamento provoca descontentamento na Austrália

por Cristina Sambado - RTP
Stephen Coates - Reuters

O descontentamento está a crescer na Austrália, numa altura em que 13 milhões de pessoas - cerca de metade da população - enfrentam novos confinamentos para tentar travar surtos de Covid-19.

Um terceiro Estado, a Austrália do Sul, juntou-se, na terça-feira, a Victoria e a partes de Nova Gales do Sul no confinamento.

Menos de 14 por cento da população está vacinada, o que representa a pior classificação entre as nações da OCDE.
As duas maiores cidades australianas, Sidney e Melbourne enfrentam incertezas sobre quando podem regressar ao desconfinamento.

Parte da população está frustrada por regressar aos confinamentos, 18 meses depois do início da pandemia. E as reaberturas no Reino Unido e nos EUA aumentam a pressão sobre o Governo federal.

O primeiro-ministro que tem sido fortemente criticado devido à baixa taxa de vacinação, resiste a pedir desculpa.


Segundo Scott Morrison, “nenhum país obteve 100 por cento de resposta à pandemia. Acho que os australianos entendem isso”.

Scott Morrison frisa o sucesso do país em manter um nível de infeções mais baixo que outros países, e o facto de a Austrália ter registado 915 óbitos. E dá o exemplo do Reino Unido que registou mais de 90 óbitos num só dia. Mas o líder da oposição, o trabalhista Jim Chalmers, afirma que Morrison se “esconde enquanto as pessoas sofrem”.

A Austrália foi, até poucas semanas atrás, fortemente elogiada pela sua estratégia de encerramento de fronteiras, programas de quarentena e confinamentos estratégicos.

No entanto, a variante Delta, que foi detetada pela primeira vez na Índia, e que é altamente transmissível levou a novas medidas para travar surtos.

Em Sidney – a maior cidade do país - um surto da variante Delta infetou mais de 1500 pessoas.

Esta quarta-feira as autoridades reportaram 110 novos casos, apesar de a cidade estar há quatro semanas em confinamento.

A população não pode sair de casa, exceto para fazer compras, exercício e outros motivos essenciais.

Há receios que o confinamento em Sidney se possa prolongar até setembro, depois de vários estudos revelaram que a cidade vai levar vários meses para eliminar a propagação do SARS-CoV-2.


Na Austrália do Sul, os residentes vão enfrentar um confinamento de sete dias depois de terem sido encontrados cinco casos da variante Delta.

O Estado de Victoria – que registou 22 novas infeções com a variante Delta esta quarta-feira – vai permanecer bloqueado pelo menos até à próxima terça-feira.

Em junho, sete cidades ficaram em confinamento por um breve período.

As autoridades australianas estão empenhadas em eliminar totalmente os casos locais até que a maioria da população esteja vacinada.

A falsa publicidade sobre o risco de formação de coágulos sanguíneos após a inoculação com a vacina da AstraZeneca levou muitos australianos a recusar a administração.

O país tem apenas doses limitadas da outra vacina autorizada, a da Pfizer.
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