Covid-19. França lança "passe de saúde" quando o número de novos casos aumenta

por Cristina Sambado - RTP
Reuters

Um novo "passe de saúde" entrou em vigor em França numa altura que o país luta contra o aumento de surtos de infeção por SARS-CoV-2. A partir desta quarta-feira, é necessária a apresentação de comprovativo de vacinação, teste negativo ou recuperação recente de Covid-19 para entrar na maioria dos museus e cinemas.

Em cima da mesa, está a possibilidade de alargar o “passe de saúde” para entrar em cafés, restaurantes e centros comerciais, a partir de agosto.

A medida entrou em vigor um dia depois de França ter registado 18 mil novas infeções em 24 horas. Na passada semana a média era de sete mil casos diários, o que representa um aumento de 150 por cento. A variante Delta, detetada pela primeira vez na Índia, já está disseminada por todo o país.

O ministro da Saúde, Olivier Véran, afirmou na Assembleia Nacional que a variante Delta levou a um aumento significativo de novas infeções superior às variantes anteriores, que tiveram origem na África do Sul e Reino Unido. Os planos para o “passe de saúde” foram anunciados pelo Presidente Emmanuel Macron no início do mês, assim como a vacinação obrigatória de todos os profissionais de saúde até setembro. No entanto, as sondagens sugerem que há uma hesitação generalizada em relação às vacinas no país.

Os planos de Macron são controversos. E os protestos contra as novas regras levaram a que manifestantes vandalizassem dois centros de vacinação esta semana.

A correspondente da BBC em Paris, Lucy Williamson, afirma que os manifestantes apelidam os planos de Macron como “uma ditadura da Saúde”.

Se os planos do Governo seguirem em frente, em poucas semanas os franceses não vão poder sentar-se a beber um café em Paris – ou apanhar um comboio – sem a prova de que está vacinado ou imune à Covid-19.

O chamado “passe de saúde” é a reposta do Governo às elevadas taxas de infeção que estão a registar o aumento mais rápido desde o início da pandemia.

A partir desta quarta-feira, sem o documento não é possível entrar em cinemas, teatros, museus e na Disneyland de Paris.

Mas o que está a causar maiores protestos é a possibilidade de estender essas restrições aos locais públicos frequentados diariamente – cafés, restaurantes, centros comerciais e transportes públicos.

O tema, que é debatido esta quarta-feira na Assembleia Nacional, já levou a que alguns deputados a afirmar ter recebido ameaças de morte.

Na passada semana, alguns manifestantes compararam estas restrições do Governo à seleção de Judeus na altura da ocupação nazi em França durante e II Guerra Mundial.

Mas a maioria dos franceses parece apoiar o plano, com muitos convictos de que é a única maneira de evitar um novo confinamento.
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