Uma parte considerável da população apresenta "sintomas ligeiros de depressão" devido à pandemia, concluiu um inquérito internacional realizado junto de mais de 21.000 pessoas, que em Portugal teve como parceiro o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde.
Os dados obtidos mostram que “uma parte considerável da população apresenta sintomas ligeiros de depressão” e cerca de 50% dos inquiridos de Portugal, Argentina, Indonésia, Reino Unido e Estados Unidos, bem como 40% dos alemães, “revelam sintomas mais graves de depressão”.
“A geração mais jovem e as famílias com filhos são os mais afetados”, salienta o i3S, acrescentando que uma das causas identificadas se prende com “a diminuição dos rendimentos mensais”.
“Percebemos também, ao contrário do que se pensava, que os mais jovens são mais propensos a apresentar níveis mais elevados de depressão em comparação com os mais velhos, o que expõe o fardo adicional que as gerações mais jovens estão a sofrer”, refere Liliana Abreu, que já foi investigadora no i3S.
Os dados provenientes de Portugal, semelhantes aos obtidos nos restantes países, mostram ser “evidente que a saúde mental foi fortemente afetada pela pandemia”.
“Só o facto de ter sintomas da doença pode desencadear problemas de saúde mental. Isto sugere que o medo de estar doente com covid-19 pode estar a causar níveis mais elevados de ‘stress’”, salientam os investigadores.
Neste momento, os investigadores estão a comparar como reagem aqueles que vivem sozinhos e os que vivem com outros, bem como aqueles que vivem com crianças dos que não vivem.
Os dados já disponibilizados no ‘site’ do estudo indicam que as pessoas que vivem sozinhas “emergem como o grupo que teve as piores experiências durante a pandemia”, sendo também os mais “propensos a relatar níveis mais baixos de satisfação de vida”.
Já os indivíduos que vivem com outra pessoa têm “lidado melhor com a pandemia” e têm “menos probabilidades de sentir depressão, ansiedade ou demonstrarem comportamentos agressivos”.
Paralelamente, aqueles que vivem com crianças “têm os piores indicadores de consumo alimentar”, sendo mais provável que tenham “experimentado maiores tensões entre os membros” do agregado.