As autoridades timorenses anunciaram hoje terem registado 52 novos casos de infeção com o SARS-CoV-2 em Díli durante o fim de semana, a quase totalidade assintomáticos, segundo um balanço divulgado hoje.
Em comunicado, o Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC) explica que no sábado e no domingo foram dadas como recuperadas 27 pessoas, pelo que o número de casos ativos no país é de 472. O total de casos acumulados desde o início da pandemia é de 765.
Entre os 52 casos positivos conta-se um novo caso na ilha de Ataúro, em frente a Díli.
Apesar do impacto da chuva forte durante o fim de semana e das inundações, as equipas de vigilância epidemiológica continuaram a trabalhar, com o Laboratório Nacional a processar nos dois dias 688 testes.
Esse total inclui 279 testes a pessoas que pretendiam obter autorização para sair do município de Díli, que continua até 16 de abril sob cerca sanitária.
Odete da Silva Viegas, vice-coordenadora da `task-force` para a Prevenção e Mitigação da Covid-19 da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC), disse à Lusa que as inundações tiveram um impacto direto nos esforços de combate à covid-19.
"As inundações afetaram os trabalhos de alguns dos pilares, o de vigilância epidemiológica que não conseguiu fazer todos os rastreios e o pilar de laboratório. Ainda assim, ontem [domingo] conseguimos fazer alguns testes", explicou à Lusa.
"Hoje começámos a fazer rastreios aleatórios entre as pessoas que estão agora alojadas em locais provisórios", referiu.
Uma das situações mais complicadas viveu-se no Centro de Vera Cruz, onde estavam os pacientes com sintomas moderados e uma em estado grave, e que ficou cheio de água, obrigando a que fossem transferidos para o Hospital de Lahane, numa zona mais alta da cidade.
No centro de isolamento de Tasi Tolu, disse, "há dificuldades de transporte de comida e água para a zona", mas o problema está a ser resolvido "com outras estruturas do Governo".
Odete Viegas explicou ainda que se perderam nas cheias parte dos consumíveis usados pela linha da frente, incluindo equipamento de proteção pessoal e máscaras, que foram destruídas pela inundação no Serviço Autónomo de Medicamentos e Equipamentos de Saúde (SAMES), a farmácia central timorense.
Os consumíveis estavam em duas tendas instaladas no recinto do complexo e ficaram danificados pelas cheias, tendo os restantes sido salvos com o apoio de voluntários, incluindo da empresa timorense ETO.
"Conseguimos salvar alguns, que transferimos para os edifícios principais, mas outro material perdeu-se", sublinhou.
As geleiras para as vacinas da covid-19 -- as primeiras 24 mil doses chegaram hoje ao país -- não foram afetadas pelas inundações.
Timor-Leste vive, atualmente, o pior momento desde o início da pandemia, com o município de Díli sob cerca sanitária e confinamento obrigatório até 16 de abril e os de Baucau e Viqueque até 09 de abril.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.847.182 mortos no mundo, resultantes de mais de 130,6 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.