Associações de jornalistas reclamam à UE "medidas mais fortes" contra desinformação

por Lusa

Várias organizações de radiodifusão, editores e jornalistas apelaram na segunda-feira à Comissão Europeia para que tome "medidas mais fortes" contra plataformas digitais como a Google ou o Facebook no combate à desinformação.

A declaração conjunta, assinada pela Federação Europeia de Jornalistas, pelo Conselho Europeu dos Editores e pela Associação de Televisão Comercial na Europa (ACT), surge depois de Bruxelas ter apresentado, em 10 de junho, novas medidas para combater as `fake news` e a desinformação, na sequência da pandemia da covid-19.

Os signatários disseram estar "alarmados com o aumento da desinformação online durante a pandemia", com "um impacto devastador nos esforços de saúde pública", considerando que o "código europeu de boas práticas", assinado em 2018 por plataformas digitais, "se revelou inadequado para abordar a fonte e os motores da desinformação difundida na Internet".

"Há uma necessidade urgente de instrumentos eficazes para avaliar melhor e resolver com êxito o problema", escreveram, argumentando que "a Europa depende demasiado da boa vontade" das plataformas digitais.

Entre as "medidas muito mais rigorosas" exigidas está "um regime de sanções" para garantir que "os co-signatários do código de boas práticas sejam incentivados a agir".

Estas medidas devem "estimular e não penalizar os meios de comunicação social", garantindo "a liberdade jornalística, os direitos fundamentais e a liberdade editorial", de acordo com a declaração.

Na semana passada, a UE exortou os gigantes da Internet a fazer mais para combater a "enorme onda de desinformação" gerada pela pandemia, publicando um relatório mensal sobre as ações empreendidas.

Estes relatórios mensais sobre os esforços das plataformas para combater a desinformação sobre a pandemia "serão públicos", e terão de conter "informações específicas sobre a natureza da desinformação, as técnicas de manipulação utilizadas, a dimensão da rede abrangida, a origem geopolítica e o público-alvo", explicou Vera Jourová, vice-presidente da Comissão, com a pasta dos Valores e Transparência, durante um encontro com um grupo de jornalistas em Bruxelas, incluindo a agência Lusa.

A iniciativa depende da boa vontade das plataformas, mas é do seu interesse criar "confiança" entre os utilizadores, defendeu Vera Jourová.

A pandemia já tinha levado a UE a solicitar aos `gigantes` tecnológicos que destacassem informações das autoridades sanitárias, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), e retirassem publicidade a medicamentos falsos.

No final de 2018, plataformas digitais como a Google, Facebook, Twitter, Microsoft e Mozilla comprometeram-se a combater a desinformação nas suas páginas, através da assinatura de um código de conduta contra as `fake news`, um mecanismo voluntário de autorregulação que nos últimos meses tem estado centrado na desinformação sobre a covid-19.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 431 mil mortos e infetou mais de 7,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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