A Presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) não fará recomendações sobre o preço das telecomunicações para o próximo ano, não só porque a inflação tem vindo a descer, mas porque acredita que com a entrada do novo operador, a DIGI, os preços para o consumidor vão mesmo baixar, uma redução que poderá chegar aos 7% já no próximo ano.
Dependendo do que vier a acontecer com a prestação da DIGI no mercado, Sandra Maximiano admite que possam entrar novos operadores no mercado, nomeadamente em 2030, quando alguns direitos de utilização de faixas de 5G terminarem. Para já a ANACOM quer avaliar o resultado da consulta pública das faixas de 5G que ficaram por atribuir.
Segundo a presidente da ANACOM, a entrada do novo operador no mercado poderá levar a que a Tarifa Social da Internet, que já estava muito aquém do objetivo para o qual foi criada, possa ainda perder mais o interesse e ficar "desatualizada". A oferta da DIGI poderá sobrepor-se àquilo que é oferecido pela Tarifa Social da Internet. Nesta entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Sandra Maximiano considera que é urgente olhar para a oferta e alcance da medida para que produza os efeitos para os quais foi criada. Numa altura em que está em discussão a proposta do Orçamento do Estado para o próximo ano, Sandra Maximiano admite que faça sentido repensar o imposto cobrado às telecomunicações, porque, cada vez mais, são um bem essencial. Faz sentido discutir o assunto para dinamizar ainda mais o setor, acrescenta. Nesta entrevista, Sandra Maximiano disse que já estava a analisar com o Governo uma solução para ultrapassar a decisão do Tribunal Constitucional, que considerou as taxas de regulação cobradas pela ANACOM inconstitucionais, mas admite que, se essa solução não chegar até ao final do ano, a ANACOM fica impedida de cobrar as taxas de 2024.
Lembra que não cabe à ANACOM resolver o problema e pede celeridade ao Governo na resolução do enquadramento legal para poder cobrar as taxas deste ano. Se isso não acontecer, admite Sara Maximiano, a ANACOM fica numa situação difícil e terá de recorrer às suas reservas, mas, consequentemente, também não poderá fazer transferências para o Estado e para as entidades que dependem desses valores. A solução, adianta, poderá passar pela aprovação de uma lei da Assembleia da República, tal como aconteceu para o serviço postal, ou por um decreto-lei que acomode a cobrança das taxas em 2024 enquanto se prepara a nova legislação. A decisão do Tribunal Constitucional obriga a ANACOM a pagar às operadoras 400 milhões de euros, mas Sandra Maximiniano adianta que está em cima da mesa uma solução jurídica que reduziria esse valor para metade. Entrevista conduzida por Rosário Lira (Antena1) e Hugo Neutel (Jornal de Negócios).