Empresas recebem garantias de 24 mil milhões de euros para fazer investimentos

por Antena 1

É um empurrão ao investimento e ao apoio às empresas. O Banco Português de Fomento (BPF) emitiu esta semana 125 mil garantias, pré aprovadas, no valor de 24 mil milhões de euros, o que corresponde a 10 por cento do PIB, dirigidas, sobretudo, a micro e pequenas empresas e vai colocar 3 mil milhões de euros em garantias pré aprovadas na mão dos empresários que têm hoje projetos do Portugal 2030, do PRR ou do PEPAC para que possam, com as garantias, levantar o financiamento e assim acelerar o investimento.

A revelação é feita pelo novo Presidente da Comissão Executiva do BPF, Gonçalo Regalado, em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, a primeira desde que assumiu funções a 2 de janeiro.

As 125 mil garantias pré aprovadas, no valor de 24 mil milhões de euros foram enviadas diretamente às empresas num convite para investirem no país e disponibilizadas à banca comercial numa plataforma comum para que pudessem identificar as empresas. Segundo Gonçalo Regalado em menos de 24 horas foram descarregadas 400 mil garantias, o que mostra o interesse da banca pela oportunidade. As candidaturas vão começar a 31 de março. Segundo o Presidente do BPF, nos primeiros quatro dias houve 800 milhões de euros sinalizados pelos empresários, com um valor médio de investimento e financiamento de 180 mil euros. As garantias cobriram todos os setores da economia, sendo que 40 por cento do montante e 80 por cento do número foi para microempresas e 40 por cento do montante e 15 por cento do número para pequenas empresas.

Gonçalo Regalado acredita que os 3 mil 555 milhões de euros do BPF InvestEU (cuja execução estava nos 350 milhões) vão ser colocados durante este ano e já está a negociar um lote adicional de 6 mil e 500 milhões de euros com o Fundo Europeu de Investimento e BEI. As grandes empresas não vão ter garantias pré aprovadas, mas Gonçalo Regalado assegura que vão beneficiar de um processo de apreciação e aprovação muito mais rápido que passa de 49 para 7 dias. Acrescenta: "é assim que tem que ser". Apesar das garantias terem sido enviadas diretamente às empresas, Gonçalo Regalado rejeita qualquer mau estar com a Banca comercial. Garante que é uma relação de parceria, porque "não se faz um casamento sem o noivo e a noiva", mas reafirma que não vai ter com a banca uma relação de "dependência" nem de mera "recetividade." O BPF não vai estar à espera da "iniciativa da Banca comercial" e promete ser proativo e fomentador. Gonçalo Regalado adianta ainda que quer que o BFP seja "o banco parceiro dos fundos europeus" e nesse sentido revelou que ainda este mês vai colocar 3 mil milhões de euros de garantias adicionais nos projetos do PT2030 e do PRR. Todas as empresas elegíveis ao abrigo daqueles programas vão ser avaliadas em risco pelo próprio BPF para que possam receber garantias pré aprovadas e os projetos possam ter aceleração de execução.

Ao todo são "três mil milhões de euros de garantias na mão dos empresários que têm hoje projetos do Portugal 2030, do PRR e do PEPAC para que possam com as garantias levantar o financiamento e acelerar investimento". Garante que quer simplificar a vida aos empresários aprovando os projetos em tempo útil. E assegura que os empresários vão passar a receber o financiamento no momento em que o projeto for aprovado.

Neste âmbito, o BPF vai colocar ao dispor da economia portuguesa quatro instrumentos de garantia: garantias técnicas para adiantar incentivos; um instrumento híbrido em que uma parte do incentivo é a fundo perdido e outra parte reembolsável, sendo que o BFP fará a gestão do incentivo reembolsável com a respetiva garantia; garantias para projetos a oito e 10 anos com os respetivos períodos de carência; e ainda garantias que vão permitir fazer avançar projetos que ficam pelo caminho porque não há dotação, mas que continuam a ter interesse para a economia nacional.

Neste âmbito, Gonçalo Regalado referiu que o BPF vai ser um banco para todas as empresas, para que os empresários possam ter acesso ao dobro do investimento com financiamento e a metade do preço. Mas, lembra, as garantias são das empresas não são dos bancos.

O objetivo final é fazer crescer a economia portuguesa com instrumentos de financiamento que permitam aos empresários investir com segurança. E isso inclui também as grandes empresas porque "o país precisa de grandes projetos". Adianta: "queremos garantir que as empresas portuguesas investem mais em Portugal do que no estrangeiro". O BPF "tem de fazer o que nunca foi feito". Diz que o balanço do banco hoje é pouco mais de 1 por cento do PIB em Portugal e que tem a "ambição de triplicar esse balanço" durante os próximos três anos.

Reconhece que a estabilidade política, fiscal e económica é importante e sendo o BPF um Banco "soberano do país que tem uma dimensão de Estado isso tem sempre impacto", mas de forma indireta, até porque o banco tem uma independência e uma autonomia delegadas nos seus órgãos sociais.

Nesta entrevista o Presidente do BPF revelou qual foi o papel do BFP junto da Volkswagen para que a AutoEuropa fosse escolhida para fabricar o novo modelo de carro elétrico. Gonçalo Regalado terá garantido que "para o financiamento nunca vos faltará nada". E neste sentido o BPF vai criar uma linha de mil milhões de euros em parceria com o setor industrial português para todo o ecossistema de reindustrialização portuguesa que faz o fornecimento do automóvel, mas também de outros setores e garantir que os fornecedores a vários níveis da AutoEuropa tenham acesso a garantias de financiamento. Para além deste valor vai ser criado um sindicato bancário, em parceria com o BEI e a Banca nacional, para o financiamento de 400 milhões de euros que permitirão ampliar a fábrica e criar a linha de produção para o carro elétrico. Gonçalo Regalado revelou também que no atual contexto geopolítico em que a Defesa está a assumir níveis consideráveis de investimento, o BPF, em linha com a posição do BEI, vai financiar projetos que sejam de uso civil e militar. Conversa Capital conduzida por Rosário Lira, da Antena 1, e Paulo Moutinho, do Jornal de Negócios.
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