Foto: Antena1
"Às vezes parece que em Portugal é vergonha falar sobre grandes empresas", é o desabafo de Nuno Rangel, CEO da Rangel Soluções Logísticas, uma das empresas portuguesas que ajudou o país com o transporte de máscaras a partir da China, no início da pandemia, e que está a fazer o transporte de algumas vacinas em Portugal.
Em 2020 a Rangel faturou 203 milhões de euros. Ambicionavam chegar aos 13 por cento de crescimento mas, por causa da crise, ficaram nos 7 por cento, percentagem que anda assim consideram positiva. Para 2021 querem chegar aos 215 milhões de receitas, com um crescimento de 5,5 por cento. Mas para que isso aconteça é preciso que as empresas, nomeadamente as empresas exportadoras, consigam crescer nos seus negócios. Neste sentido, Nuno Rangel espera que o Plano de Recuperação e Resiliência possa ser melhorado, nomeadamente ao nível do sector da logística. Refere que a logística tem de ser competitiva e isto tem de ser pensado em conjunto: privados e Estado. Lembra que a capacidade logística é importante para atrair capital para Portugal e para dar escala às empresas nacionais, que competem com outras grandes empresas de outros países.
Dá como exemplo a própria Rangel, que em concorrência com a DHL, conseguiu assegurar um contrato com a Autoeuropa, contrato que Nuno Rangel quer continuar. Nesta entrevista, o CEO da Rangel assegura que o comércio eletrónico veio para ficar e que a pandemia retirou Portugal da cauda da Europa neste domínio. Só a Rangel viu o número de entregas, resultantes das compras online, aumentar em mais de 40 por cento. Esta situação vai levar a empresa a apostar em novos centros e novas plataformas logísticas em Portugal. A Rangel vai criar um novo centro em Braga, aumentar a plataforma no Montijo - por causa área da distribuição de medicamentos - e entrar numa nova plataforma na zona Norte de Lisboa.
No ano passado a Rangel movimentou 112 milhões de medicamentos. A distribuição da vacina para a COVID não é vista por Nuno Rangel como um negócio mas como um orgulho nacional, por ter sido escolhido para desenvolver essa operação. Agora vão concorrer para continuar a prestar o serviço.
Uma entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Ana Sanlez do Jornal de Negócios.