Conversa Capital com Fernando Araújo

por Antena 1

Foto: Antena 1

"Investimento, investimento, investimento" é o que o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de São João pede para o Orçamento do Estado do próximo ano. Em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Fernando Araújo pede mais investimento concretizado.

O antigo Secretario de Estado da Saúde lamenta não ter podido fazer mais ao nível do investimento e considera que esta é uma das áreas mais criticas neste momento ao nível da saúde, sempre vista com muita desconfiança pelas Finanças. Fernando Araújo adianta que teme pelo futuro do Serviço Nacional de Saúde se esse investimento não se concretizar porque há muitos equipamentos em final de vida fruto do período troika e pós-troika.

No caso do hospital São João, no Porto, Fernando Araújo adianta que precisaria de um investimento a rondar os 20 milhões de euros, mais do dobro do que é feito actualmente. Um dos investimentos é a ala pediátrica, que, diz Fernando Araújo, poderá estar a funcionar no primeiro semestre de 2021.


Autonomia representa poupança de 10 por cento

Fernando Araújo reforça a necessidade de avançar com a autonomia financeira para os hospitais. O presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de São João adianta que, neste momento, o processo está na fase de discussão do plano de actividades e investimento e esclarece que a avançar a autonomia representaria uma poupança de custos de cerca de 10 por cento. Fernando Araújo espera que, no início do próximo ano, o contrato de autonomia com o Estado possa avançar.

Nesta entrevista, o presidente do conselho de Administração revelou que o São João acabou o ano de 2018 com um défice operacional de 40 milhões, reconhecendo que existe uma situação financeira desequilibrada, fruto sobretudo de alterações ao nível dos recursos humanos. Com as medidas que estão a ser tomadas, Fernando Araújo espera acabar o ano com menos 30 milhões.

Em 2018, o hospital São João pagou 30 milhões em horas extraordinárias, o que corresponde a cerca de 14 por cento da despesa em recursos humanos, que ronda os 200 milhões.
Ainda assim, Fernando Araújo não defende a exclusividade para os médicos porque há, explica, outros incentivos que podem ser dados e que representam igualmente um acréscimo no vencimento.


65 Mil à espera de consulta e 14 mil para as cirurgias

Quanto às listas de espera para a consulta externa, Fernando Araújo revela que actualmente há cerca de 65 mil pessoas à espera de uma consulta, menos 10 por cento do que no final do ano. No final de 2019, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar Universitário de São João gostaria de chegar aos 15 por cento. Nas cirurgias há cerca de 14 mil e quinhentos utentes à espera, o que representa menos 8 por cento do que no inicio do ano.


Greve dos motoristas pode trazer dificuldades à distribuição de mercadorias

Quanto à greve dos motoristas prevista para dia 12 de Agosto, Fernando Araújo admite que pode haver alguns constrangimentos ao nível do fornecimento de bens como alimentação e medicamentos, mas espera que essa situação seja acautelada.



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