"Agir de forma rápida e profissional", aconselha Presidente da AED Cluster Portugal para utilização dos 800 mil M€ da UE para reforçar a Defesa

por Antena 1

"Temos de agir de uma forma rápida e profissional" este é o conselho que o Presidente da AED Cluster Portugal - Aeronáutica, Espaço e Defesa, José Neves, deixa ficar para a utilização das verbas do pacote de 800 mil milhões de euros que a União Europeia reservou para reforçar a área da Defesa.

Diz que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tem sido "formidável" para o setor e espera que agora seja possível financiar diretamente projetos para a Defesa com verbas do PT2030.

Nesta entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, José Neves adianta que as empresas portuguesas do setor estão prontas para absorver novos desafios, que nos mercados externos a bandeira portuguesa já não é um powerpoint mas sim equipamentos reais, e que os ciclos políticos não têm afetado este desenvolvimento nem o diálogo com as Forças Armadas.

O Presidente da AED Cluster Portugal vê na ativação da cláusula de escape nacional das regras do défice para o investimento em Defesa uma oportunidade que Portugal deve aproveitar para que a Defesa passe a ser considerada como um investimento e não uma despesa, mas lembra que o nível de competição vai ser elevado. Mais, considera que no aproveitamento das verbas comunitárias, Portugal deve atuar de forma coordenada, ser ambicioso e diferenciador, "não podemos apostar em tudo". A aposta na Defesa vai permitir às empresas capacitarem-se ainda mais para crescer, posicionarem-se de uma forma diferente na cadeia de valor e criar centros de decisão em Portugal. José Neves considera que atualmente as Forças Armadas portuguesas tem "uma grande visão de futuro", adianta mesmo que tem existido "um diálogo constante com a indústria" que é indiferente aos ciclos políticos. Adianta que a estratégia da indústria de Defesa não está dependente dos Governos, "são agnósticas ao Governo" e por isso não espera que neste momento haja alterações. Para cumprir os 2 por cento do PIB em Defesa, considera que mais do que atingir esse objetivo o que é importante "é fazê-lo bem". Ou seja, antes de começar a fazer compras lá fora é preciso auscultar a indústria portuguesa porque as empresas têm capacidade para criar novos produtos e responder com uma nova dinâmica.

Lembra que neste momento no exterior, nas feiras internacionais, a bandeira portuguesa já não é um powerpoint, são equipamentos reais.

José Neves faz um balanço "formidável" do PRR para a Defesa. E acrescenta que agora com o aliviar das regras europeias espera que seja possível usar o PT2030 diretamente para a Defesa. A principal barreira ao desenvolvimento da indústria continua a ser a contratação pública que demora anos e faz perder projetos. Até porque, afirma, a banca, que era conservadora, já mudou de postura e tem um outro "paradigma". José Neves aponta como uma das mais-valia nacional os recursos humanos qualificados, mas considera que essa aposta tem de continuar. Entrevista conduzida por Rosário Lira, da Antena 1, e Paulo Moutinho, do Jornal de Negócios.
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