António Saraiva: Cruz Vermelha perde dinheiro com Estado que paga serviços tarde e abaixo do custo

por Antena 1

O presidente da Cruz Vermelha Portuguesa, António Saraiva, considera que a instituição está a perder dinheiro com o Estado, em muitas valências, devido à fórmula de calculo e à falta de revisão dos protocolos.

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, António Saraiva diz que é preciso rever os valores pagos pelo Estado porque há um desfasamento entre o valor pago e o custo efetivo. Dá como exemplo o lar militar, cujo protocolo não é revisto há 14 anos. Ainda assim, à semelhança do que fez com o INEM, a Cruz Vermelha (CVP) continua disponível para fazer novos protocolos com o Estado noutras áreas.
António Saraiva vê com muita preocupação o aumento dos pedidos de ajuda. Em 2023, a CVP registou um aumento de 80 por cento no número de pessoas em situação de sem abrigo. Este ano os pedidos de ajuda já subiram, em termos homólogos, 53 por cento.

No caso da violência doméstica, a Cruz Vermelha Portuguesa tinha acompanhado, no ano passado, cerca de duas mil mulheres. Este ano, só no primeiro semestre, já tinham sido ajudadas 1.730 vítimas.
Numa apreciação à atualidade, o antigo presidente da CIP e atual presidente da Mesa da Assembleia Geral, considera que a situação política e económica que se vive em França e na Alemanha vai ter impacto em Portugal e nem a descida das taxas de juro pode ser suficiente num cenário protecionista.
António Saraiva considera que o Orçamento do Estado para 2025 é "insuficiente" para enfrentar os desafios que se avizinham e, em concreto para as empresas, deixa ficar "muito pouco", sendo que o IRC "não é nenhuma bala de prata" porque há outras medidas que podiam ter sido tomadas e não foram.
Nesta Conversa Capital, António Saraiva lamenta que a Caixa Geral de Depósitos atue como qualquer outro banco privado e não tenha um papel diferenciado no apoio às empresas, com acontecia com o BES, e também por isso não coloca de parte a possibilidade de a CGD poder vir a adquirir o Novo Banco.
O presidente da CVP diz que gostaria que o banco se mantivesse em mãos portuguesas.

Entrevista conduzida por Rosário Lira, da Antena 1, e Hugo Neutel, do Jornal de Negócios.
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