Vários pesquisadores apresentaram esta quinta-feira, 27, um estudo no jornal Cell Press Current Biology, que demonstra que pescar abaixo dos 600 metros de profundidade, em alto mar, pode trazer graves problemas no ecossistema marinho.
"A coisa mais notável a considerar sobre as nossas descobertas, é que as amostras recolhidas sobre a faixa de profundidade entre os 600 e os 800 metros, demonstram que os impactos ecológicos colaterais estão a aumentar significativamente, enquanto o ganho comercial diminui, por unidade de esforço", refere Joanne Clarke.
Evidências que vêm ajudar à imposição Europeia na criação de um limite de profundidade, para pesca, em alto mar na Europa.
Os estudos revelam que as espécies de peixes de profundidade são mais vulneráveis que as espécies migratórias e de águas mais superficiaisAs espécies que vivem abaixo dos 600 metros têm, por norma, um período de vida mais longo, e com uma actividade reprodutora muito reduzida, em comparação com espécies de águas menos profundas.
Uma outra particularidade é o facto de as espécies que vivem no fundo oceânico, terem a capacidade de sequestrar grandes quantidades de carbono por ano, para além de não serem comercializáveis.
Mas não só. A questão da captura por arrasto também destrói ecossistemas de corais, base essencial para a manutenção da vida destes ecossistemas.
Os estudos revelam também que as espécies de peixes de profundidade são significativamente mais vulneráveis face as espécies migratórias e de águas mais superficiais.
Em outras palavras, refere Joanne Clarke: "Quanto mais fundo, mais e maiores danos se provoca sem um claro benefício para os pescadores e fauna existente".
Interdição por parte da União Europeia
Os resultados agora apresentados vão certamente ajudar os promotores de uma nova directriz, controversa, da União Europeia, que considera aplicar uma interdição de pesca em alto mar, incluindo a proibição da pesca de arrasto abaixo dos 600 metros.
Os debates europeus sobre proibições de arrasto em alto mar têm mostrado muitas reticências, devido à existência de alguns países da União Europeia, como Espanha e França, que utilizam alguns barcos de pesca para captura a profundidades a mais do que 600 metros, alguns deles com apoio estatal.
A questão agora é: "porquê limitar a profundidade e qual a profundidade?", diz Clarke.A proporção de biomassa descartada via comercial, como tubarões e raias, são de tal forma alarmantes, que revelam um forte aumento nos impactos ecológicos e marinhos estudados.
David Bailey da Universidade de Glasgow e Francis Neat de ciência Marinha da Escócia seguiram durante vários anos as mudanças e as tendências dos ecossistemas em profundidade.
Os pesquisadores recolheram dados de inquéritos de arrasto entre as profundidades de 240 e 1.500 metros, no nordeste do Atlântico, que se realizaram entre 1978 e 2013.
Uma análise mais aprofundada destes dados revelou uma transição clara das capturas em profundidades de 600 a 800 metros, incluindo um aumento significativo na biodiversidade capturada.
"Não tivemos nenhuma razão prévia para esperar ou publicar estes dados. Apenas os revelamos por achamos que poderíamos contribuir e sugerir que os 600 metros se trata de facto de uma profundidade adequada", diz Clarke.
A proporção de biomassa descartada para o comercial e o rácio de tubarões e raias para biomassa comercial são de tal forma alarmantes, que revelaram um forte aumento nos impactos ecológicos e marinhos estudados.
Discussões do Conselho Europeu sobre o assunto, são esperadas para meados de Setembro.
Os pesquisadores dizem que enquanto se espera existem muitos fatores em jogo, no entanto estão "muito confiantes de que o trabalho, agora apresentado, será levado em conta e ao conhecimento do povo revelando que se está num momento crítico para a fauna e ecossistema marinho no nosso planeta."
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