O enigma do planeta número nove

por RTP
NASA - Reuters

Em 2006, Plutão perdeu o estatuto de planeta do sistema solar. Dez anos depois, os cientistas equacionam a hipótese de existir um novo corpo, com dimensões extraordinárias, capaz de o substituir.

Na região gelada para lá de Plutão parece existir um novo corpo com características que lhe poderão conferir o estatuto de nono planeta do sistema solar.

Esta semana, em entrevista ao programa 60 Minutes, da norte-americana CBS, o astrónomo Scott Sheppard explicou o mistério associado a esta nova hipótese científica. Estima-se que o novo corpo estará 20 vezes mais longe do Sol que Neptuno, o último planeta do sistema solar.

Os especialistas desta corrente estimam que, ao contrário de Plutão, o potencial planeta seja entre dez a 20 vezes maior do que a Terra, o que valeria a sua entrada no sistema solar.

Mas onde está esse corpo? É esta, segundo Sheppard, a pergunta mais difícil de responder.

A desconfiança surgiu quando os cientistas observaram, pela primeira vez, órbitas estranhas de corpos celestes na Cintura de Kuiper. Calcula-se que os objetos estejam a ser arrastados por uma força maior gravítica, impulsionada pela dimensão e posicionamento do presumível planeta.



A uma distância de dezenas de milhares de milhões de quilómetros do Sol, o planeta é muito difícil de detetar, mesmo com tecnologia avançada como o telescópio Hubble, que permite observar galáxias a distâncias superiores. No entanto, só funciona quando existe a localização exata do que se pretende analisar.

O problema deste corpo é a sua distância da estrela que governa o nosso sistema planetário.

De acordo com Sheppard, trata-se de "um objeto bastante frio e a única maneira de o ver é através da luz solar refletida". O que é improvável que ocorra, tendo em conta as milhas a que se encontra.
Um peso no sistema solar
Em outubro de 2016, na Califórnia, onde decorreu a 48ª reunião conjunta da Divisão de Ciências Planetárias e do 11.º Congresso Europeu de Ciência Planetária, dois grupos de astrónomos apresentaram algumas investigações sobre o nono planeta do sistema solar.

Uma das ideias mais debatidas foi a possível interferência do peso deste novo corpo na inclinação gravitacional incomum do Sol, que é conhecida pelos cientistas desde meados do século XIX, mas para a qual ainda não foi descoberta uma justificação.

Um dos estudos apresentados durante o encontro científico sugere que o nono planeta - desde logo o seu peso - possa adicionar uma oscilação no alinhamento das margens do sistema solar, provocando uma aparente inclinação do Sol.

Em declarações à imprensa, Mike Brown, um dos astrónomos que participou nesta investigação, referiu que a posição oblíqua do Sol é "um mistério tão enraizado que é difícil de explicar e as pessoas simplesmente não o referem, mas ele existe".

Brown acrescentou ainda que "o planeta nove pode explicar algo sobre o sistema solar que há muito tempo era um enigma por desvendar".  
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