Júpiter, o maior e um dos mais misteriosos planetas do sistema solar, vai receber nas próximas horas mais uma sonda proveniente da Terra. De nome Juno, a sonda da NASA vai estudar e analisar a magnetosfera, a atmosfera e a composição do gigante gasoso.
A Juno da NASA, composta por três painéis solares de nove metros cada, com um corpo central de 3,5 metros de altura e diâmetro e um peso aproximado de 3,6 toneladas, partiu do planeta Terra a 5 de Agosto de 2011. e
Nos últimos quatro anos e 11 meses viajou à velocidade de 38 mil quilómetros por hora até chegar ao destino programado. A sonda terá uma validade de um ano, se tudo correr como previsto.
Júpiter é o quinto planeta do sistema solar, a partir do Sol. E é o maior. A sua massa ocupa mais do que a soma de todos os planetas do sistema. É três vezes maior do que Saturno. A Terra, por exemplo, não poderia preencher a famosa e interminável tempestade na atmosfera gasosa de Júpiter.
A missão da Juno
Não se sabe ao certo quem descobriu o gigante gasoso, ja referêciado por Nicolaus Copernicus, no século XV, tendo mais tarde, em 1610, Galileu Galilei dado a conhecer quatro das suas luas. Agora o principal objetivo dos cientistas da Agência Espacial Norte-americana (NASA), é conhecer melhor Júpiter para melhor compreender a evolução do nosso sistema solar.
Segundo o principal investigador da missão, Scott Bolton, citado pelo jornal The New York Times, a missão da Juno vai permitir "aprender a receita de como se faz um sistema solar e como nasceram os planetas do nosso sistema".
Além de hidrogénio e hélio, o planeta gigante tem outros elementos químicos mais pesados, como carbono, azoto e lítio, embora em quantidades muito inferiores.
Uma combinação que os cientistas dizem poder ser a chave para entender a origem planetária. Acredita-se que Júpiter conserva as mesmas características desde a formação do sistema solar.
Scott Bolton, investigador do Instituto de Investigação do sudoeste, em San Antonio, no Texas, explica no artigo do norte-americano que os elementos químicos existentes em Júpiter são os mesmos que compõem o material de que somos feitos.
Nesta missão, a sonda Juno vai recolher durante um ano os dados que se espera serem suficientes para confirmar estas teorias.
Inicialmente, a sonda vai ajustar a órbita ao planeta. Só em novembro vai entrar na rota que lhe permitirá, durante um ano, descrever 33 órbitas.
A Juno tem por missão estudar a poderosa magnetosfera de Júpiter, a mesma que provoca as fabulososas auroras boreais no pólo norte do planeta, mas não só.
Analisar e estudar a atmosfera e a composição interna do planeta são também tarefas dos sensores que compõem a sonda.
Uma missão arriscada e curta
Nem tudo é perfeito nesta viagem da Juno, dizem os cientistas da missão. A magnetosfera de Júpiter, cerca de 20 mil vezes mais potente do que a da Terra, emite uma radiação que é, de alguma forma, letal para a pequena sonda. Um problema que os cientistas tentaram minimizar, construindo para o efeito um cofre em titânio, com quase dois centímetros de espessura, para proteger o "coração" da sonda das ondas eletromagnéticas.
Ao fim de um ano a pequena sonda da NASA mergulhará na misteriosa atmosfera de Júpiter, exatamente como fez a sonda europeia Galileu, para não haver o risco de colidir com os satélites naturais de Júpiter, que os cientistas dizem poder ter vestígios biológicos.
Antes de tudo isto, há uma outra preocupação: O correto ajustamento orbital, que pode ser influenciado pelas fortes ondas magnéticas em redor do planeta.
Oito visitas a Júpiter
Decorria o ano de 1973 quando a Pionner 10 passou perto de Júpiter. Um ano depois foi a vez da irmã Pionner 11. Já em 1979 as famosas Voyager também fizeram uma rápida passagem pelo gigante espacial.
Em 1992 foi a vez da Ulisses aproveitar a boleia gravitacional de Júpiter, para ir em direção ao Sol. Mas foi três anos depois, em 1995, que a Agência Espacial Europeia (ESA) decidiu enviar uma sonda com a missão exclusiva de estudar o planeta gasoso e os respetivos satélites - a Galileu, que ficou por lá oito anos.
Depois destas ainda passaram por lá a Cassini-Huygens e, mais recentemente, a New Horizons, que levava o caminho de Plutão.
Agora é a vez da Juno, que fará mais de três dezenas de órbitas elípticas a Júpiter, algumas delas a uma distância mínima de 4.200 quilómetros do planeta.