Hubble descobre o cometa mais antigo conhecido pelo Homem

por Nuno Patrício - RTP
O cometa K2 já se vê e está ainda entre Saturno e Urano Foto: NASA, ESA, and D. Jewitt (UCLA) - DR

De nome científico C/2017 K2 (PANSTARRS) ou simplesmente K2, este corpo celeste é atualmente o cometa mais antigo descoberto e registado pelo Homem.

Não há registo deste cometa na história científica terrestre e muito possivelmente será uma passagem singular pelo sistema solar. Mas se este astro é já particularmente interessante pela raridade, mais interessante se torna pelo facto de, ainda perto da órbita externa de Saturno, já apresentar uma "pequena" cauda.



Os cometas que circundam o sistema solar apenas mostram a cauda de poeiras e gelo quando estão relativamente perto do Sol e a influência deste obriga à dispersão de poeiras e materiais congelados presentes na superfície dos cometas.

No caso do K2, recentemente descoberto pelo telescópio espacial Hubble, que ainda se encontra a mais de 1430 milhões de quilómetros do Sol, em condições normais não deveria apresentar qualquer atividade. Mas tem. E foi essa atividade que o denunciou.

Segundo os cientistas que agora estudam o cometa proveniente da distante nuvem de Oort, o K2 está ainda em plena fase inicial de atividade.A Nuvem de Oort, também chamada de Nuvem de Öpik-Oort, é uma hipotética nuvem esférica com cerca de um ano luz de diâmetro, situada no limite do Sistema Solar, constituída por inúmeros objetos celestes, tais como cometas e asteróides. Estes corpos celestes orbitam em redor do Sol, apesar de se situarem muito longe da estrela.

Na composição deste astro primitivo, acreditam os cientistas, podem estar compostos químicos como o nitrogénio, monóxido e dióxido de carbono congelado. Com as primeiras interações dos ventos solares surgem as primeiras evaporações, quase que a dizer: "Olá. Olhem para mim".

Para já desenvolve uma nuvem de poeira difusa com cerca de 129 mil quilómetros de extensão, apelidada de coma, envolvendo um núcleo minúsculo e sólido de gás e pó congelados.

Essas observações representam os primeiros sinais de atividade já vistos por um cometa que entra na zona planetária do sistema solar pela primeira vez.

Vídeo: NASA

O cometa K2 está a viajar há milhões de anos a partir da nuvem de Oort, onde os cientistas julgam haver centenas de milhões de cometas. Naqueles confins externos ao sistema solar, a temperatura é de menos 227 graus Celsius.
Os cometas são os restos gelados da formação do sistema solar, há 4,6 mil milhões de anos.
"O K2 está tão longe do Sol e tão frio, que sabemos com certeza que a atividade não é produzida, como nos outros cometas, pela evaporação do gelo da água", explica o investigador David Jewitt, da Universidade da Califórnia, Los Angeles.

"Em vez disso, pensamos que a atividade é devida à sublimação [um sólido que se transforma diretamente em um gás] de super-voláteis, já que K2 faz está a realizar a sua primeira entrada na zona planetária do sistema solar. É por isso que é especial. Este cometa está tão distante e tão incrivelmente frio que o gelo da água está congelado como uma rocha".


Crédito: NASA, ESA, and D. Jewitt (UCLA)

Saiba mais no site oficial da NASA: Hubblesite
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