Ross 128b é o nome do exoplaneta mais próximo da Terra encontrado recentemente. Uma equipa internacional, na qual se integra um investigador português, descobriu a 11 anos-luz de distância da Terra um planeta externo ao sistema solar e que poderá albergar vida.
O Ross 128b tem um tamanho aproximado ao do nosso planeta, orbita em torno de uma estrela anã vermelha uma vez a cada dez dias, a uma distância de cerca de 20 vezes mais próxima dela do que a que separa a órbita da Terra do Sol e, segundo as medições, tem uma temperatura amena, indicando potenciais condições para a manutenção da vida.
A apenas 11 anos-luz de distância da Terra, este planeta foi descoberto por uma equipa internacional composta por investigadores de todo o mundo, incluindo Portugal, representado por Nuno Cardoso Santos do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA).
Em comunicado citado pela Lusa, o IA refere que a estrela anã vermelha que o Ross 128b orbita é “pouco ativa, o que aumenta as hipóteses de poder albergar vida”. Esta estrela anã vermelha é, segundo o comunicado, pouco volátil e, por isso, a radiação emitida ao recém-descoberto Ross 128b é de 1,38 vezes superior à radiação recebida pela Terra.
"Doses letais de raios X"
As anãs vermelhas têm uma natureza bastante instável e, “incluindo a Próxima Centauri (a mais próxima do Sol), têm ocasionalmente fenómenos explosivos, que banham os planetas com doses letais de raios X e radiação ultravioleta, fenómenos que podem esterilizar potenciais formas de vida nesses planetas", declarou o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.
Segundo o IA, "as estimativas para a temperatura do planeta variam entre -60 graus centígrados e 20 graus centígrados, mas devido à incerteza nestes cálculos, ainda não é certo se o planeta está dentro, ou imediatamente fora, da zona de habitabilidade da sua estrela".
Ricardo Reis do IA explicou à Lusa que a zona de habitabilidade é a zona a partir da qual um planeta está à distância correta da estrela que orbita e que lhe permite ter condições para ter água líquida à superfície.
"Em estrelas anãs vermelhas como esta, a zona de habitabilidade é mais próxima, podendo o exoplaneta ter condições para albergar vida, mas há outros fatores determinantes, como o facto de haver radiação ou se tem massa suficiente para ter atmosfera", afirmou Ricardo Reis.
Atualmente, o exoplaneta Ross 128b encontra-se a 11 anos-luz da Terra. No entanto, os investigadores estimam que este se vá aproximando do nosso planeta e que, dentro de 71 mil anos, se torne o exoplaneta mais próximo da Terra, ultrapassando o já conhecido exoplaneta Próxima b que orbita a Próxima Centauri.
Nuno Cardoso Santos, astrofísico do IA e da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, considera que esta descoberta "ilustra a capacidade já existente para encontrar e, no futuro, caracterizar em detalhe e de forma recorrente, planetas que reúnam as condições necessárias para a presença de vida". A equipa do IA tem estado a trabalhar nesses objetivos, tendo já participado em missões espaciais da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).