"Rei" Eusébio partiu há uma década

por Mário Aleixo - RTP
Eusébio partiu faz esta sexta-feira dez anos Reuters

Eusébio da Silva Ferreira, aquele que ganhou o direito de ser apelidado como o "rei" do futebol português, morreu faz esta sexta-feira uma década, deixando de luto Portugal e, em particular, a "nação" benfiquista.

Vítima de uma paragem cardiorrespiratória, pelas 4h30 do dia 5 de janeiro de 2014, o “pantera negra” morreu aos 71 anos como uma “lenda”, numa notícia que correu os quatro cantos do mundo e foi comentada por todos, nomeadamente o “irmão” Pelé e Maradona.

Antómio Simões, o "irmão branco" de Eusébio, recordou ao jornalista da Antena 1, Valter Madureira, o melhor de todos.
Pelo que fez ao serviço do Benfica, entre 1960/61 e 1974/75, e da seleção de Portugal, de 1961 a 1973, numa década e meia prodigiosa, apesar de muito prejudicada pelas lesões, invariavelmente mal curadas, Eusébio é considerado um dos melhores futebolistas da história.

Numa lista recentemente publicada pela revista inglesa de futebol FourFourTwo - e liderada pelo argentino Lionel Messi - o “pantera negra” surge em 16.º, sendo que nesta publicação, ou em qualquer outra, o seu nome é invariavelmente referido como um dos maiores, alguém incontornável e consensual.

Com o aparecimento de Cristiano Ronaldo, perdeu, para quase todos, o estatuto de melhor português de sempre, mas está por cima em muitos capítulos, como na grande montra, os Mundiais, em que, em apenas uma edição, fez mais do que CR7 em cinco, ao conduzir Portugal a inédito bronze e somar nove golos, em seis jogos, face aos oito do ainda capitão da seleção lusa, em 22 encontros.

O terceiro lugar do “magriços” em Inglaterra é a cara de Eusébio, que, desde aí, passou a ser um “mito” em terras de “sua majestade”, onde, aliás, Portugal só chegou pelos seus sete golos na qualificação, dos nove apontados pelo conjunto das quinas.

O “rei”, que acabou a sua carreira na seleção lusa com 41 golos em 64 internacionalizações “AA”, só pôde brilhar nesse Mundial, já que não esteve em mais nenhuma fase final.
Sempre a brilhar
Eusébio não teve mais esse palco, mas, internacionalmente, também brilhou intensamente com a camisola do Benfica, num trajeto que teve como ponto alto o “bis” no 5-3 ao Real Madrid, do seu ídolo Di Stéfano, na final da Taça dos Campeões de 1962.

Na prova rainha da UEFA, o “pantera negra” ajudou os encarnados a atingir mais três finais – todas perdidas -, totalizando 46 golos, registo que ainda o colocam no 12.º lugar da tabela dos melhores marcadores da competição.

A prova do que fez nos anos 60 do século passado também pode ser medida por sete aparições no “top 8” da Bola de Ouro do France Football – então só para europeus -, com destaque para a vitória de 1965 e os segundos lugares de 1962 e 1966.Para a sua vitrina também entraram duas edições da Bota de Ouro, prémio para o melhor marcador dos diversos campeonatos europeus, nas épocas de 1967/68 (42 golos) e 1972/73 (40).

Se foi um fenómeno no meio internacional, rivalizando – em momentos distintos - com Di Stéfano, Pelé, Bobby Charlton, Beckanbauer, Puskás ou Cruyff, Eusébio nunca teve rival interno, já que, por cá, foi, incomparavelmente, o melhor do seu tempo.

Assim, não é de estranhar que seja, ainda hoje, o recordista de títulos na I Liga portuguesa de futebol, com um total de 11, para os quais contribuiu com 317 golos, em 301 jogos, à bonita média de mais de um tento por encontro.

Melhor marcador do clássico com o FC Porto, com 25 golos, e segundo melhor, atrás de Peyroteo, do dérbi com o Sporting, ao totalizar 27, é também o recordista no que respeita a troféus de melhor marcador do campeonato português, com sete.

Nascido em 25 de janeiro de 1942, em Lourenço Marques, agora Maputo, Eusébio da Silva Ferreira morreu há uma década, com 71 anos, mas a história não se apaga e o seu legado será eterno, mesmo que sejam cada vez menos os que possam dizer que, um dia, viram jogar Eusébio, que, um dia, viram jogar o “rei”.
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