Foto D.R.
Esta quinta-feira, em estreia nos cinemas, ''Ruth'', um filme de época que conta um episódio da vida de Eusébio no início da carreira como futebolista, no início dos anos 60 e como se tornou jogador do Benfica.
Ruth foi o nome de código de Eusébio na transferência para o Benfica, um folhetim que alimentou o início da década de 60 e que atingiu não só a vida desportiva portuguesa, como os meandros políticos à época.
No filme a história é revivida pela lente do realizador António Pinhão Botelho, com argumento da sua mãe, a jornalista Leonor Pinhão, e mostra, mais do que o futebol, a intriga e narrativa na contratação de Eusébio, disputado por Sporting e Benfica.
Vive-se o pior ano do regime fascista português, sob ameaça da ONU, e Eusébio é o grande tema das conversas entre Lisboa e Lourenço Marques, um jovem de 16 anos cuja habilidade acicata a rivalidade entre ‘leões’ e ‘águias’.
O argumento de Leonor Pinhão, num filme que salta entre a comunidade de Lourenço Marques e a vida política e desportiva de Lisboa, conta cronologicamente a disputa e em como o Benfica acabou por agarrar a “pérola do Índico”.
Com diálogos de grande humor, o filme tem o ator Igor Regalla no papel de Eusébio, Fernando Luís como Maurício Vieira de Brito, então presidente do Benfica, Lídia Franco é a D. Otília, do lar do jogador do Benfica e Vítor Norte como Domingos Claudino, funcionário do clube.
No Sporting, que terá apenas dito a Eusébio que viria à experiência, o presidente Brás Medeiros é o “culpado” por não garantir a Eusébio um contrato, numa disputa que se arrastou mesmo após a chegada do jogador a Lisboa.
Politicamente, o filme mostra as influências leoninas nos bastidores de ministérios e no Conselho jurisdicional da Federação Portuguesa de Futebol, num processo que arrastou no tempo a inscrição de Eusébio.
O jogador falhou a primeira Taça dos Campeões Europeus, mas, mais tarde, um acordo entre Benfica e Sporting de Lourenço Marques, por 400 mil escudos (2.000 euros ao câmbio atual) acabaria por viabilizar o que faltava.