O Panteão Nacional recebe hoje os restos mortais de Eusébio, antigo futebolista do Benfica e da seleção e símbolo do desporto português.
Pouco mais de um ano após a sua morte os deputados de todos os grupos parlamentares aprovaram por unanimidade, a 20 de fevereiro, o projeto de resolução a conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de Eusébio, o primeiro desportista a merecê-las.
A Assembleia da República salientou então "o símbolo nacional, o homem solidário, o futebolista e o desportista excecional, evocando o seu estatuto de verdadeiro marco na divulgação e na globalização da imagem e da importância de Portugal no Mundo".
Hoje, o cortejo fúnebre terá início às 15h15, com a saída da urna do antigo internacional português do cemitério do Lumiar em direção ao Seminário da Luz, onde vai decorrer uma missa privada.
Estádio da Luz, Campo Grande, praça Marquês de Pombal e alto do Parque Eduardo VII são os pontos seguintes antes de passagens pela sede da Federação Portuguesa de Futebol, Assembleia da República e, finalmente, a chegada ao Panteão Nacional, na Graça, por volta das 19h00.
Dulce Pontes vai cantar "A Portuguesa" e o também antigo jogador de Benfica e da seleção portuguesa António Simões fará um elogio fúnebre. Como reconhece o antigo companheiro é fácil falar de Eusébio. A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, e o Presidente da República, Cavaco Silva, também vão discursar, seguindo-se duas canções interpretadas por Rui Veloso.
Cavaco Silva, Assunção Esteves e o primeiro-ministro, Passos Coelho, irão depois assinar o "termo de sepultura", por volta das 20h00, ouvindo-se novamente o hino nacional, executado pela banda da Guarda Nacional Republicana.
Ao jornalista João Gomes Dias o antigo colega de equipa José Augusto recorda o que de bom tinha Eusébio como homem e desportista, afinal ele era o melhor de todos. O melhor futebolista português de sempre, campeão nacional pelo Benfica 11 vezes e vencedor da Taça dos Campeões em 1962, tratado com carinho por "King", ganhou em 1965 a Bola de Ouro, que então distinguia o melhor futebolista europeu a jogar na Europa, e conquistou duas vezes a Bota de Ouro (1967/68 e 1972/73), prémio para o melhor marcador dos campeonatos nacionais europeus.
No Mundial de 1966, disputado em Inglaterra, foi um dos mais destacados jogadores da competição e o melhor marcador, contribuindo com nove golos para o terceiro lugar de Portugal.
Eusébio para além dos seus dotes futebolísticos gostava de conviver com os amigos e o restaurante "Tia Matilde", em Lisboa, foi cenário de muitos e bons momentos como recorda, em declarações ao jornalista João Miguel Nunes, o proprietário da casa e amigo do craque Emílio Andrade. Seguidor fiel de Eusébio para todo o lado José Morais, assessor, companheiro e amigo do "pantera" recorda um pouco do que passou ao lado do melhor entre os melhores e até faz questão de lembrar que ele só se zangava a sério com os verdadeiros amigos. Os restos mortais de Eusébio da Silva Ferreira ficam a partir de hoje no Panteão Nacional.