As pisadas do jogador Neemias Queta no Barreirense são lembradas por quem agora está no clube e quem já passou por lá. O último ano do internacional português de basquetebol no clube local foi 2017, altura em que já chamava a atenção.
Pela qualidade e visão de jogo que reconhecia nele, António não estranhou os voos mais altos de Neemias, mas confessa que, para ele, a chegada à NBA foi inesperada: "naquela altura não se antecipava a possibilidade de ele poder um dia aparecer numa liga como a NBA, mas percebia-se que havia potencial para poder desenvolver-se num sentido muito interessante, a eventualidade de um dia poder ser um jogador de projeto da modalidade".
Na "caixinha", como é chamado o pavilhão do Ginásio Sede FC Barreirense, o nome Neemias é lembrado, ele que durante a sua formação pisou a quadra que dezenas de jovens hoje pisam.
"O Neemias é sempre um exemplo e uma excelente pessoa porque, quando ele está cá, acaba sempre por passar pelo clube", aponta o treinador dos sub-14, Gonçalo Amorim, contando que ele "chega a vir aos treinos dos pequeninos e obviamente que é um ídolo para eles".
"É excelente o Neemias poder jogar lá"
Cresceu numa família humilde e, muitas vezes, tomava conta da irmã mais nova enquanto os pais trabalhavam. Cresceu no Vale da Amoreira, no concelho vizinho da Moita, jogou ainda no Benfica antes de dar o salto para os Estados Unidos.
Andou entre a liga norte-americana secundária e a principal, até atingir o ponto alto que vive por estes dias: é o primeiro português a chegar às finais da NBA.
Os Boston Celtics jogaram esta madrugada o terceiro jogo da final e voltaram a vencer os Dallas Mavericks. Numa série à melhor de sete, basta vencerem a partida de sábado para que a equipa de Neemias conquiste o título.
É uma liga seguida nos quatro cantos do mundo, incluindo no Barreiro. Com a benção do treinador, o jogador Gonçalo Manaia interrompe por uns minutos o treino para falar com a Antena 1. Sai das quatro linhas cansado, com o suor de quem tinha começado o treino há algum tempo, "mas tem que ser".
"Se queremos evoluir, temos que nos cansar e trabalhar muito", diz.
Se jogasse lá fora, Gonçalo gostava que fosse em Espanha. Está atento ao melhor do basquetebol e Stephan Curry, dos Golden State Warriores, é um exemplo na NBA. A Antena 1 pergunta por Neemias, se o conhece. "É excelente o Neemias poder jogar lá", afirma.
Tal como Gonçalo, muitos jovens ambicionam chegar a esta liga. Ali, no clube do Barreiro, têm uma referência: "não digo que seria giro termos outros Neemias, mas os jogadores que possam andar nesses cenários seria muito interessante nos próximos anos, trabalhamos para isso", garante o treinador Gonçalo Amorim.
O selecionador nacional Mário Gomes valoriza a experiência que ele traz da NBA para a equipa, sendo o único português na liga norte-americana.
Ainda assim, esta presença traz uma desvantagem: "não temos podido contar muitas vezes com ele, porque os compromissos dos jogadores da NBA só lhes permitem jogar na Europa no período em que a NBA está parada, que é o período do verão".
Esperançoso no apuramento da seleção para o Europeu de Basquet, Mário Gomes conta com Neemias no verão do próximo ano.