O movimento do independente Rui Moreira “O Nosso Partido é o Porto” e o socialista Manuel Pizarro surgem empatados na corrida para a Câmara do Porto, com 34% das intenções de voto, revela a sondagem da Católica para a Antena1/RTP. Na melhor das hipóteses conseguem seis mandatos, ainda assim insuficientes para a maioria absoluta, que exige sete do total de 13. Álvaro Almeida, o candidato da coligação PSD/PPM ("Porto Autêntico"), fica-se pelos 9% e um ou dois mandatos.
A uma grande distância da decisão ficam as restantes candidaturas: Álvaro Almeida, o cabeça de lista do movimento “Porto Autêntico”, apoiado pro PSD e PPM, recolhe uma intenção de voto de 9% (um a dois mandatos), Ilda Figueiredo (CDU) tem 8% (um), João Teixeira Lopes (BE) tem 7% (de zero a um) e o PAN, com Bebiana Cunha, 2% (sem mandatos).
O CESOP chama a atenção para o facto de a “sondagem [ter sido] realizada no fim de semana anterior às eleições”, o que abre a possibilidade de as “intenções de voto [poderem] ainda mudar significativamente”. “Em sondagens autárquicas, mais do que em legislativas, o tempo de campanha eleitoral é muito relevantes para a formação definitiva da intenção de voto”, sublinha o centro de estudos.
Num cenário de empate técnico como é o caso, isso “significa que uma outra sondagem com a mesma metodologia poderia dar a vitória tanto a uma lista como à outra, e estaria igualmente correta”.
Abstenção com papel fundamental
Os valores do estudo apontam para uma abstenção de 10%, com 74% dos inquiridos a garantir que vão votar (6% “Não sabe se vão votar” e 10% “Em princípio vai votar”), mas os responsáveis da Católica sublinham que “a partir destas respostas não é possível prever um valor para a abstenção” já que não há garantias de que “essa intenção se confirme no dia 1”.
Um empate técnico permite dizer que “outra sondagem com a mesma metodologia poderia dar a vitória tanto a uma lista como à outra”.De qualquer forma, sublinha o CESOP que “os dados desta sondagem indicam que, caso se mantenha esta distribuição de intenções de voto, a abstenção sectorial poderá ter um papel fundamental na decisão destas eleições. Isto porque há divisões claras em função do sexo e, principalmente, em função da idade e da escolaridade”.
A candidatura de Rui Moreira é mais forte entre os homens, entre os quais recolhe uma intenção de voto de 28%, face aos 24% entre as mulheres, com o inverso a acontecer com Manuel Pizarro (26% entre as mulheres e 24% entre os homens).
Quando analisamos a preferência em termos de escolaridade, Rui Moreira superioriza-se nos eleitores com formação ao nível do ensino superior (41%) a grande distância dos licenciados que dizem pretender votar em Manuel Pizarro (13%).
A candidatura de Rui Moreira é mais forte entre os homens, os mais novos e os mais instruídos.O candidato socialista é mais forte junto dos estratos com grau de instrução mais baixo (“Não completou ensino secundário”) onde recolhe 37% das preferências, face aos 15% de Rui Moreira. Dos inquiridos com “Ensino secundário”, 29% escolhem o candidato independente, enquanto 17% preferem Pizarro.
É possível seguir a lógica desta narrativa quando fazemos a passagem para os grupos etários. Rui Moreira é mais popular entre os mais novos (30% no intervalo 18-34, 28% no intervalo 35-64 e apenas 19% nos 65 ou mais anos), já Manuel Pizarro superioriza-se nestes últimos grupos (27% no intervalo 35-64 e 31% nos 65 ou mais anos; e apenas 13% nos eleitores entre os 18 e os 34).
Moreira e Pizarro estão um para o outro
No caso de uma vitória sem maioria absoluta, seja de Manuel Pizarro seja de Rui Moreira, as respostas apontam para o desejo do eleitorado de ver repetida uma grande coligação entre ambos.
As respostas são claras. Se o independente do movimento “O Nosso Partido é o Porto” vencer as autárquicas do próximo domingo sem maioria absoluta, 41% dos inquiridos apontam para uma coligação com o PS, apenas 10% com o PSD e menos ainda (7%) com BE, com CDU ou com BE+CDU.
Sendo o cenário o oposto, com uma maioria simples para o socialista Manuel Pizarro, a solução desejada continua a ser a mesma: 36% apontam a um acordo com Rui Moreira. Muda apenas a segunda preferência, com 20% a favorecerem uma coligação com BE, CDU ou BE+CDU. Neste caso, a sugestão de uma coligação de Pizarro com o PSD é quase residual (apenas 3%).
Eleitores de Moreira acreditam mais
Com quase tudo igualado, há entretanto um indicador que sugere a possibilidade de haver um ambiente mais propício a uma vitória de Rui Moreira nas autárquicas de domingo, mas trata-se aqui quase que de uma predisposição psicológica. À questão “Independentemente da sua preferência, quem é que acha que vai ganhar as eleições para a Câmara do Porto?”, uma franca maioria de 54% responde Rui Moreira, contra apenas 17% que acreditam ser o PS.
Entre os eleitores de Moreira, esta preferência pelo independente sobe vertiginosamente para os 90%, com apenas 2% a apontar o adversário socialista.
Mas a mesma “lealdade” não se manifesta entre os eleitores de Pizarro, já que a maioria (39%) acredita que Rui Moreira sairá vencedor no domingo, contra 38% que dizem que esse vencedor será Pizarro.
De referir ainda que os eleitores do Porto que responderam a este questionário consideram que para a decisão do voto é mais relevante o candidato (61%) do que o Partido/Movimento (apenas 15%).
Ficha técnica
Esta sondagem foi realizada pelo CESOP – Universidade Católica Portuguesa para a Antena 1 e RTP nos dias 23, 24 e 25 de setembro de 2017. O universo alvo é composto pelos indivíduos com 18 ou mais anos recenseados eleitoralmente e residentes no concelho do Porto. Foram selecionadas seis freguesias do concelho de modo a que as médias dos resultados eleitorais das eleições autárquicas de 2005, 2009 e 2013 nesse conjunto de freguesias (ponderado o número de inquéritos a realizar em cada uma) estivessem a menos de 1% dos resultados dos cinco maiores partidos ao nível do concelho. Os domicílios em cada freguesia foram selecionados por caminho aleatório e foi inquirido em cada domicílio o próximo aniversariante recenseado eleitoralmente no concelho. Foram obtidos 1239 inquéritos válidos, sendo 58% dos inquiridos do sexo feminino. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição de eleitores residentes no concelho por sexo, escalões etários, e freguesia na base dos dados do recenseamento eleitoral e das estimativas do INE. A taxa de resposta foi de 78%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 1239 inquiridos é de 2,8%, com um nível de confiança de 95%.
* A taxa de resposta é estimada dividindo o número de inquéritos realizados pela soma das seguintes situações: inquéritos realizados; inquéritos incompletos; e recusas.