Representantes de várias religiões juntam-se para proteger o planeta

por Lusa

Porto, 15 jun (Lusa) -- Representantes de 20 religiões assinam sexta-feira em Gaia uma carta onde se comprometem a inverter "práticas depredatórias", promovendo um programa ecológico "eficiente" para proteger o planeta que é "casa comum" de todos.

"Se há aspeto onde os elementos religiosos e espirituais convergem é, de facto, na dimensão ecológica e no respeito para com aquilo que se recebe de uma ideia de criador, seja ele Deus ou não", disse hoje à Lusa o fundador do Observatório das Religiões, Paulo Mendes Dias.

O também coordenador de Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, no Porto, explicou que é necessário os homens cuidarem do espaço que é comum a todos, ou seja, da "casa comum" que é o planeta.

Na carta lê-se que os subscritores assumem a sua vontade de "juntar as suas vozes" para que todos e cada um, pessoal ou institucionalmente, "cooperem pela paz radicada na compaixão por toda a vida planetária, de modo a que seja estabelecido um programa ecológico eficiente, pleno de impulso fraterno e sustentabilidade verdadeiramente integral".

"Comprometemo-nos a tudo fazer para inverter práticas depredatórias, promovendo uma compreensão ecológica associada a valores éticos. Carecemos de uma sabedoria da `casa comum´ onde as realidades surgem tais como são, sendo a ecologia esse mesmo `estar´", sustenta.

Dada a "interdependência fundamental da vida" vislumbra-se a necessidade de uma revolução cultural que transforme o "homem velho, desatento e pretensioso", num sujeito ecológico que entende e experiencia o `ethos´ como morada global, consideram os representantes religiosos no texto.

A "casa comum" é "acima de tudo" a condição de possibilidade de existirmos, vivermos e aprendermos a cuidar, afirmou Paulo Mendes Dias.

Acrescentando que as "tradições religiosas diferentes abordam de forma diversa as mesmas preocupações perante alterações ambientais radicais em práticas que contrariam os equilíbrios dos ecossistemas".

"O lado da ecologia visto no respeito para com o objeto de criação é não só um patamar interessante e de fácil dialogo entre religiões como é também uma dimensão de proximidade à cidadania", explicou.

Paulo Mendes Dias lembrou que vivemos numa "casa comum" e, por esse motivo, é necessário respeitá-la e cuida-la para a passar às gerações futuras "não muito mais estragada do que já está".

Esta ideia de compromisso para com a "casa comum" e pela "ética do cuidado" está explicita no documento que representantes de diferentes religiões assinaram em "termos individuais", mas "sem se desvincularem das suas lideranças religiosas", sustentou.

"No fundo, frisamos a necessidade de olhar para a casa comum no sentido de dignificar o que já existe", disse.

Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, recebe, a 16 de junho, pelas 10:00, a conferência "A Terra em Risco, o Mundo em Procura: o papel e a intervenção das religiões na Casa Comum", inserida no fórum internacional "Gaia todo um Mundo" e organizada com a colaboração do Observatório das Religiões.

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